Título: Desigualdade de renda cai 7% em 15 anos no Brasil
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 20/11/2008, Economia, p. 27
Em China, Índia e Rússia, houve alta de até 40%, diz Ipea
Gustavo Paul
BRASÍLIA. Para consolidar o crescimento econômico, o Brasil precisa superar desafios sociais, como melhorar a qualidade do ensino e aumentar sua competitividade. A boa notícia é que o país está no meio do caminho e avança em alguns indicadores sociais e econômicos. Essas são as conclusões de pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), comparando o Brasil com outros dez países, divulgada ontem.
Os dados mostram, por exemplo, que nesse grupo de países - que inclui China, Índia, Rússia, Finlândia, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, África do Sul, México e Argentina -, só Brasil e outros três reduziram desigualdades de renda entre os trabalhadores de 1990 a 2005. No caso brasileiro, houve uma queda de 7%, enquanto na África do Sul a redução foi de 11%, no México, 3%, e na Alemanha, 14%. Nos demais houve aumento.
Segundo o coordenador da pesquisa, Milko Matijascic, diretor do Ipea para o Centro Internacional de Pobreza da Organização das Nações Unidas (ONU), esse fenômeno será importante para suportar as conseqüências da crise internacional. Entre os principais competidores do Brasil, houve forte aumento. China registrou alta de 36%, Índia, 20%, e Rússia, 40%.
- No caso desses países, o aumento da desigualdade representa um grave risco para o equilíbrio social em momentos de turbulência econômica. O crescimento por si só não se traduz em desenvolvimento, se não for distribuído para toda a população - disse.
Brasil é o último em interpretação de textos
O levantamento, que será entregue aos principais ministérios para contribuir para a formulação de políticas públicas, mostra que o Brasil só supera África do Sul e Argentina em crescimento econômico de 1975 a 2005. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita cresceu 35,6% em 30 anos, perdendo para a China (896%), Índia (174,3%), Finlândia (88,5%) e EUA (88,2%) e México (49%).
O estudo aponta ainda problemas na infra-estrutura social brasileira. Ao mesmo tempo em que apresenta doenças típicas de países ricos, como males cardíacos, o Brasil tem doenças também de nações africanas, como as parasitárias. Em dez dos 11 países, as doenças cardiovasculares e os diversos tipos de câncer são as principais causas de morte, incluindo o Brasil. Por outro lado, o país destaca-se como primeiro colocado em mortes violentas. A Alemanha é a última.
O Brasil também aparece em pior colocação, quando a análise é feita em torno da capacidade dos estudantes interpretarem textos e fazerem cálculos matemáticos.