Título: Lula quer ampliar feriado de Zumbi a todo o país
Autor: Menezes, Maiá; Costa, Ana Claudia
Fonte: O Globo, 21/11/2008, Rio, p. 13

Ao inaugurar estátua de João Cândido, presidente diz que vinda de escravos africanos criou "raça de perfeição extraordinária".

Em discurso em que classificou de "perfeita" a combinação racial do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem à noite, no Rio, a extensão do feriado do Dia de Zumbi a todas as cidades brasileiras. Instituído pela primeira vez no Rio, em 1999, o feriado é hoje lei em 350 municípios brasileiros. Lula argumentou que o número de cidades aumentou em 125 desde 2006.

- Antes eram 225 cidades. Possivelmente seria importante transformá-lo em feriado nacional - disse o presidente durante a festa em comemoração ao Dia da Consciência Negra em que foi também inaugurada a estátua em homenagem a João Cândido, líder da Revolta da Chibata, na Praça Quinze.

Lula disse ainda que a vinda dos escravos africanos para o país trouxe uma mistura essencial para o caráter criativo do povo brasileiro.

- Conseguimos criar uma raça de uma perfeição extraordinária - afirmou.

A festa em homenagem ao Dia da Consciência Negra movimentou cerca de 400 pessoas, com direito a grupos de danças africanas e capoeira, além de exposições de artesanato e sobre a cultura negra e shows de sambistas como Noca da Portela e Dona Ivone Lara. Os festejos começaram cedo, por volta das 7h, em frente ao monumento de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas. Durante o evento o vice-governador Luiz Fernando Pezão destacou a importância do feriado e a tentativa de erradicar o racismo do país.

- Nosso governo já deu o pontapé para o fim do racismo quando institucionalizou o ensino da história africana nas escolas. Este segmento da sociedade dá grande contribuição à cultura - disse o vice-governador.

Em meio a apresentações de vários grupos de danças africanas, a vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos do Negro (Cedine), Helena Teodoro, comentou o incidente com o cantor e compositor Dudu Nobre e a mulher dele, Adriana Bombom, que sofreram preconceito racial durante um vôo de Nova York para o Rio:

- O índice de racismo no mundo ainda é muito grande. Isso jamais poderia ter acontecido, mas nós vamos lutar para reverter esse quadro.