Título: Lula e Mantega comemoram negócio por fortalecer BB e o crédito no país
Autor: Batista, Henrique Gomes; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 21/11/2008, Economia, p. 22

GIGANTE BANCÁRIO: Ministro diz que jogo fica equilibrado entre os grandes.

Para interlocutores, presidente se beneficia ao fechar acordo com oposição.

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemoraram ontem a compra da Nossa Caixa, do governo paulista, pelo Banco do Brasil (BB). Para Mantega, o negócio vai fortalecer a instituição federal e o mercado de crédito, trazer mais vantagens competitivas para o consumidor e favorecer até mesmo o ambiente de crédito no país. Para interlocutores de Lula, o presidente colhe dividendos políticos com a operação, fechada com a oposição.

A aquisição foi concluída na quarta-feira à tarde, quando Lula recebeu o governador de São Paulo, José Serra, em Brasília.

- É bom (o negócio) porque equilibra o jogo entre os grandes bancos brasileiros, isso aumenta a competição. É bom que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal sejam bancos fortes e que tenham poder de competição com os grandes bancos brasileiros - afirmou Mantega.

A compra fortalece a atuação do BB em São Paulo, estado, segundo o ministro, em que o banco federal está pior posicionado. Serão 559 agências novas:

- Nós vimos que é importante em um momento de crise financeira como essa termos bancos públicos fortes, porque eles não sofrem nenhuma restrição de crédito. Pelo contrário, eles podem até acrescentar mais crédito e ajudam a manter o mercado mais sólido.

BB está entre os 20 maiores bancos do mundo

Mantega afirmou que o negócio só foi concretizado com a Medida Provisória 443, que dá poder ao BB e à Caixa comprar bancos em dinheiro e sem anuência prévia. A MP ainda está em análise no Senado:

- A MP 443 viabilizou esta operação, porque, embora já houvesse o interesse do BB nesta aquisição, e todos sabiam disso, aquela modalidade que havia sido estabelecida, através de troca de ações, não seria possível, pois o mercado ficou conturbado e os valores patrimoniais ficaram defasados.

Mantega lembrou que, com a operação, o BB fica entre os 20 maiores bancos do mundo, com ativos de quase R$460 bilhões:

- O BB está autorizado a fazer outras aquisições, mas só se houver necessidade para ajudar o setor privado, algum banco. Eles (os bancos pequenos) estão vendendo carteiras.

No Planalto, o negócio foi considerado "ótimo" para o BB porque o coloca mais perto da liderança do mercado nacional novamente, perdida no início deste mês com a fusão entre Itaú e Unibanco. O preço da operação, de R$5,39 bilhões, também foi considerado interessante por Lula, assim como a forma de pagamento, em 18 parcelas. Politicamente, a transação também foi bem avaliada porque Lula indica que não é um presidente que trabalha apenas para seu partido, o PT.

Dentro do BB, a idéia de continuar com ações públicas em São Paulo é positiva, já que é o maior financiador dos produtores rurais do país, respondendo por 63% do total dos empréstimos feitos no setor. Como a Nossa Caixa tem forte presença no interior paulista, onde há forte produção agrícola, o BB vai ampliar ainda mais sua política agrícola.

Da Alemanha, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, também comentou brevemente, por meio de nota:

"A aquisição da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil é uma iniciativa que vai contribuir para o fortalecimento do sistema financeiro nacional na atual conjuntura do mercado financeiro internacional".

oglobo.com.br/economia