Título: Presidente do PT defende ministra e ação do governo
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 23/11/2008, O País, p. 8

"Se continuar nessa toada, o nome do presidente será forte".

BRASÍLIA. O líder do PR, Luciano Castro, afirma que o partido só teria um alinhamento automático com o candidato do Planalto se ele fosse o próprio Lula, opção fora de cogitação porque a Constituição só permite uma reeleição. Com outro nome, segundo Castro, será preciso negociar com o partido.

- A ministra Dilma merece todo o nosso respeito, mas o nome dela não foi discutido com o nosso partido. Ela carece de respaldo e traquejo político que uma disputa dessas exige - argumentou Castro.

Embora o PT só vá decidir sobre o candidato à sucessão de Lula em fevereiro de 2010, está claro no partido que Dilma só não será a escolhida "se houver uma hecatombe" -- uma denúncia grave contra a ministra ou um recrudescimento da crise sem precedente. A avaliação dentro do próprio PT é que, sem um candidato natural, o aval de Lula será decisivo a favor de Dilma.

O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), reconhece que o nome de Dilma está à frente no partido e agrega cada vez mais simpatia, mas argumenta que não há motivos para antecipar uma decisão nem impedir o surgimento de outros candidatos. Para Berzoini, a crise só afetará a candidatura do Palácio do Planalto se o governo não tomar as medidas necessárias para superá-la, o que não está ocorrendo até agora:

- O governo adotou medidas adequadas e fortes. Se continuar nessa toada, o nome do presidente Lula será muito forte. É nisso que se ancora o nome da ministra Dilma, já que ela não tem um passado eleitoral - disse Berzoini.

Setores do PMDB podem apoiar Serra

Berzoini tem conversado com os aliados sobre a sucessão presidencial, especialmente com PMDB, PCdoB e PSB. O PMDB, que já foi crítico da candidatura de Dilma, hoje mostra mais simpatia, mas líderes do partido - o maior da base governista - avaliam que, se o governo Lula não estiver bem, setores do partido vão apoiar o candidato da oposição, provavelmente Serra. O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), tem repetido que o partido não tem pressa de decidir sobre a sucessão presidencial e admite que há correntes defendendo um nome próprio na corrida pelo Planalto.

- É natural que todos os partidos indiquem candidatos das suas fileiras. Mais natural é que o partido do presidente indique o seu. A ministra Dilma é uma excelente candidata e pode alcançar a unanimidade do PT, dialogar com outros partidos, respeitando as suas posições - disse o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (SP).

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