Título: Crise na economia, um obstáculo para Dilma
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 23/11/2008, O País, p. 8

Aliados do governo temem efeito negativo no PAC, carro-chefe da provável candidatura da ministra em 2010.

BRASÍLIA. O nome dela foi lançado como candidata em 2010 pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após uma audiência com o Papa Bento XVI. Mas governistas de dentro e de fora do PT ainda olham com desconfiança e descrença a pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto. Os efeitos da crise financeira e o incipiente desempenho do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são apontados como impactantes na construção da candidatura de Dilma.

Os aliados avaliam que Dilma só ganha força e agrega partidos num cenário econômico de desenvolvimento, com o PAC a pleno vapor, o que cada dia se torna mais distante devido à grave crise financeira internacional.

- O eleitor é pragmático: se 2010 for pior que 2008, ele vai mudar. Mesmo que 2010 seja melhor que 2003, o parâmetro será 2008. Passar a crise é condição sine qua non para o governo ter sucesso no seu projeto político - avalia o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES).

Para o senador, os aliados vêem com desconfiança o nome de Dilma porque ela não representa uma candidatura natural no PT. Mesmo assim, ele reconhece que ela parte com mais de 20% das intenções de voto, somando o eleitorado cativo do PT e aqueles que, segundo pesquisas de opinião, dizem que votam no candidato de Lula.

- A ministra é competente, mas a candidatura dela está diretamente vinculada ao desempenho do governo, especialmente do PAC - disse Casagrande, que defende que o PSB insista na candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE).

Num cenário de instabilidade econômica, tendo como principal adversário o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), há aliados que avaliam que Dilma não seria um bom nome. E até buscam alternativas, como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também cobiçado pelo PP para disputar o governo de Goiás.

- A Dilma é excelente com o país no campo do desenvolvimento. Num cenário recessivo, não seria melhor o (Henrique) Meirelles para peitar o Serra? Ele tem discurso econômico mais consistente - defende o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR).