Título: Serra discorda das críticas do ex-presidente
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 23/11/2008, O País, p. 9

Para FH, Lula erra na condução da crise; governador vê acertos.

SÃO PAULO. No mesmo encontro com tucanos, o ex-presidente Fernando Henrique também fez críticas à forma como o presidente Lula tem enfrentado a crise econômica mundial. Horas depois, no entanto, o governador de São Paulo, José Serra, discordou publicamente do ex-presidente. Fernando Henrique disse que os reflexos da crise não fazem apenas marola na economia brasileira, como afirmou o presidente Lula:

- Entendo que o presidente deva animar o país. Mas o país não é bobo. O país percebe quando as coisas mudaram. As coisas mudaram no mundo, mudaram para pior. É cíclico? É momentâneo? É, mas nós temos que ter a capacidade de visão do futuro para sair da situação ruim em que estamos, e não ficar dizendo que não está ruim. Está ruim, sim.

Fernando Henrique lembrou que há a ameaça de demissão de empregados da Vale:

- Aqui não é marola, não. Vai perguntar para quem está perdendo o emprego hoje, quem é mineiro da Vale, se é marola. Não é marola. Marola é quando você não é afetado. Está afetando - afirmou.

No começo da noite, no encerramento do encontro dos tucanos, Serra disse que, para ele, Lula está bastante preocupado com a crise econômica mundial, e já tomou uma série de medidas para minimizar seus efeitos:

- Vejo o presidente Lula hoje preocupado com a crise. Inclusive, estamos fazendo algumas parcerias. Foi o caso do crédito para a indústria automobilística, o caso do adiamento no recolhimento do Simples, em que nós estamos de acordo. Enfim, estamos trabalhando nisso - disse o governador, que foi apontado por unanimidade pelos tucanos como candidato do partido a presidente da República.

Em seu discurso, Fernando Henrique disse que o PSDB precisa se preparar para o futuro, decidindo até o segundo semestre de 2009 quem será o candidato a presidente da República.

- O PSDB tem que se unificar internamente. É bom que no começo do segundo semestre do ano que vem tenhamos um candidato ou candidata. Por que? Porque o governo já tem.

Ele não quis dizer quem, entre os governadores Aécio Neves, de Minas, e Serra, seria o melhor candidato do PSDB.

- Os dois são bons. Sou presidente de honra do partido. Não posso, antes de conversar com os dois, antecipar. (...) Não adianta dramatizar. Haverá uma convergência. Se não houver, temos mecanismos de resolver dentro do PSDB. (...) Acho que é natural. Na democracia, não é todo mundo unânime.

Serra evitou comentar a recomendação do ex-presidente de pressa na escolha do candidato do partido:

- Tudo depende de como as coisas se encaminharem. Não dá para ter uma resposta agora sobre isso.