Título: Combate ao 'Aedes' dentro e fora de casa
Autor: Costa, Célia
Fonte: O Globo, 23/11/2008, Rio, p. 18

Levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde mostra que 50% dos focos estão dentro dos domicílios cariocas.

O verão só começa às 9h04m do dia 21 de dezembro, mas as chuvas, o aumento da temperatura e o alto índice de infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, exigem, desde já, atenção redobrada no combate à doença. De acordo com o mapeamento feito pelo Ministério da Saúde, divulgado na última quinta-feira, mais de 50% dos focos do mosquito estão dentro dos domicílios cariocas. O especialista Roberto Medronho, chefe do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que a pesquisa é feita apenas nas residências. Chafarizes e bueiros, por exemplo, não constam do levantamento.

- É importante que a população fique alerta sobre os possíveis focos, não apenas dentro de casa, mas também no entorno - adverte Medronho. - A participação de cada um é fundamental para a gente tentar reduzir a infestação.

Índice de 2,9% põe Rio em estado de alerta

Ainda de acordo com o levantamento, os principais criadouros são vasos, pratos de plantas e bromélias (55,6%). O lixo acumulado é responsável por 28,4% dos focos.

O Rio de Janeiro está em estado de alerta e corre o risco de enfrentar uma nova epidemia de dengue. Na cidade, o índice de infestação por Aedes aegypti é de 2,9%, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera tolerável menos de 1%.

Combater um dos maiores vilões da dengue, os vasos de planta, é tarefa diária. Especialistas aconselham a eliminar definitivamente os pratos embaixo dos vasos. Não basta mantê-los secos ou colocar areia. Os ovos do Aedes aegypti podem resistir fixados às paredes interna do vaso da planta por mais de um ano e, com o passar do tempo, a areia vai sendo levada pela chuva ou pelo ato de regar a planta e os ovos que estão fixos no vaso passam a gerar novos mosquitos.

Os ralos precisam ser verificados sempre. A impressão de que a água dos ralos é corrente e por isso não serve como criadouro para o mosquito pode ser equivocada, porque os ralos costumam acumular água.

Número de pessoas suscetíveis ainda é grande

O especialista Roberto Medronho alerta que ainda é grande o número de pessoas suscetíveis - que ainda não tiveram a doença e, portanto, não são imunes - ao vírus 2 da dengue na cidade. Como ele ainda predomina no Rio, aumenta risco de termos um grande número de casos da doença e, até, uma nova epidemia.

Num levantamento feito por Medronho, com base no Índice Infestação Predial (IIP), pelo menos 23 localidades - entre bairros e sub-bairros - da cidade, com o IIP de mais de 4%, correm o risco de ter surto de dengue no verão.

Entre os locais com a situação mais crítica está a região do Grande Méier, onde a infestação é de 5,7% e houve poucas pessoas doentes na epidemia deste ano. Especialmente lugares como São Francisco Xavier, Sampaio, Rocha e Riachuelo. Todos apresentam índice de infestação de 10,8%, o que representa o percentual de prédios encontrados no levantamento com recipientes contendo água e larvas em relação ao número total de prédios examinados.

Foram excluídos da análise 79 locais que não apresentaram número de casos. Segundo Medronho, provavelmente devido à subnotificação.