Título: Brasil representa quase um terço de investimentos produtivos no Equador
Autor: Oliveira, Eliane; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 22/11/2008, Economia, p. 24

MUY AMIGO: Financiamento de exportações chega a 21% do total para a região.

Em 2007, foram aplicados mais de US$1 bi em vários setores do país.

BRASÍLIA. Além de provocar tensão política, a animosidade do Equador fere a lógica econômica. De acordo com dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior, o Brasil é o maior investidor direto do país, tendo respondido praticamente por um terço dos ingressos de 2007, ou US$1,01 bilhão. Empresas de setores que vão da construção à logística aérea estão instaladas no país. Boa parte delas recorre ao BNDES, o que faz do país vizinho o segundo maior destino de financiamentos do banco de fomento brasileiro, atrás apenas da Argentina.

Os desembolsos do BNDES, que agora sofre calote dos equatorianos, somam US$692,847 milhões até agosto deste ano, 17,5% do total aplicado desde 1997. Já a Petrobras está presente no país desde 1996, com 170 empregados. A estatal brasileira explora petróleo em um bloco (31 e 18) e produz diariamente 32 mil barris. Desde 1997, investiu no país mais de US$430 milhões.

A presença brasileira no país vizinho não se resume apenas à parte estatal. Nomes de peso do setor produtivo brasileiro, como Vicunha, AmBev e Andrade Gutierrez - presente no país há mais de 20 anos -, também se destacam em território equatoriano, atuando sozinhos ou em joint-venture, o que mostra que sempre existiu interesse do Brasil em negócios e em obras de infra-estrutura no Equador.

A construtora Camargo Corrêa opera no país desde 2005 e a empreiteira OAS se instalou recentemente. A Variglog passou a oferecer, em 2007, vôos para o México que, no retorno das aeronaves, passam por Guayaquil, viabilizando o transporte de flores do Equador para países da Europa e da América do Norte. Outros destaques são a Aistom Engenharia e a empresa de consultoria Qualiplus.

Expulsa do país, Odebrecht chegou em 1987

Já a Odebrecht - expulsa do país por Rafael Correa - começou a atuar em território equatoriano em 1987. Concluiu diversos projetos de infra-estrutura, onde se incluem represas, hidrelétricas e um aeroporto.

De acordo com os dados do BNDES, o financiamento das exportações brasileiras de bens e serviços para aquele país corresponde a 21% do total liberado para a América do Sul. Destacam-se serviços de engenharia, destinados a projetos como hidrelétricas, rodovias e irrigação, e produtos de alto valor agregado, como aviões, equipamentos agrícolas, veículos e usinas para produção de asfalto.

Com o embargo dos bens da Odebrecht no país e o não-pagamento da dívida junto ao BNDES - devido à paralisação da hidrelétrica San Francisco -, espera-se que os investimentos do setor público brasileiro minguem.