Título: O correto era ter informado à chancelaria brasileira
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 23/11/2008, Economia, p. 29

BRASÍLIA. Galo Borja, ministro de Setores Estratégicos do Equador, admitiu ao GLOBO que seu país errou ao entrar na câmara arbitral sem comunicar o Brasil. Ele quer manter boas relações com o país e abriu as portas à Odebrecht, caso não seja comprovado erro nas obras da usina.

Henrique Gomes Batista

A crise significa o rompimento de relações entre os dois países?

GALO BORJA: O problema do governo do Equador é com a Odebrecht, e no contrato foi fixada uma entidade de arbitragem, a Câmara de Comércio Internacional (CCI). O que foi feito foi informar à Câmara sobre o problema para que decida alguma medida. O pagamento dos empréstimos não foi suspenso.

Mas o BNDES foi acionado...

BORJA: Não. Em nenhum momento estamos falando de governo brasileiro. O que está se informando à CCI é como foi feita a transação, como foi o crédito, onde foi dirigido. Nós, como país, queremos estar seguros que tudo aconteceu corretamente.

Foi um erro o Equador não avisar o Brasil antes de entrar na corte?

BORJA: Acredito que o correto era ter informado à chancelaria brasileira. Mas hoje (ontem) o presidente (Rafael) Correa conversou com o presidente Lula para não arranhar a relação entre os países. Somos países irmãos, temos o propósito de unir a América Latina, sermos solidários.

Correa pediu desculpas a Lula?

BORJA: Não tenho conhecimento dos detalhes, mas a conversa serviu para explicar como estamos tratando este assunto, para que não afete a nossa relação.

Seria o caso de desculpas formais?

BORJA: Nosso interesse é que não se afete a relação entre os países.

E como resolver a situação?

BORJA: Sugeri ao chanceler que informe tudo o que estamos fazendo ao Brasil. (A volta do embaixador brasileiro) nos preocupou. Até certo ponto não entendemos. Não tomamos nenhuma decisão de atuar unilateralmente. Procedemos de acordo com o contrato.

Como ficam as relações bilaterais?

BORJA: Queremos que tudo volte à normalidade. Oxalá a Odebrecht não tenha cometido nenhuma irregularidade. Precisamos de empresas grandes.

oglobo.com.br/economia