Título: Plano de formar 800 mil aprendizes até 2010
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 25/11/2008, O País, p. 8

Ministério assina parcerias com Fundação Roberto Marinho, CEF e BB para contratação de jovens

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem que o governo pretende formar 800 mil jovens aprendizes até 2010. Para atingir esse objetivo, o Ministério do Trabalho lançou uma campanha para conscientizar as empresas e assinou parcerias técnicas com a Fundação Roberto Marinho, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Os bancos públicos agora também cumprirão meta de 5% de contratação de aprendizes. Por enquanto, a lei que obriga empresas de grande e médio porte a contratarem aprendizes de 14 a 24 anos, aprovada em 2000, só alcançou cerca de 140 mil jovens. Segundo Lula, isso ocorre porque a legislação é muito rígida, e os empresários ainda têm "pavor" de processos trabalhistas.

- Queremos colocar uma luz no começo do túnel, não no final - disse Lula, na abertura da I Conferência Nacional de Aprendizagem Profissional. - Quando menos a gente esperar, vamos diminuir a criminalidade, a violência e o número de jovens mortos na rua. Vamos pensar que é a atuação da polícia, mas um especialista vai dizer que foi porque a meninada teve oportunidade, foi estudar, achou emprego e resolveu que o emprego é melhor do que ser marginal.

Lula destacou que a Petrobras vai contratar 70 mil aprendizes, que trabalharão na extração do petróleo do pré-sal, e avaliou que o país pode atrair o setor de "call-center", por ser um povo criativo pela mistura de europeus, índios e negros:

- Não é como uma parte do setor público que aprendeu a dizer sim e não e se tiver algo no meio não sabe o que dizer.

Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a meta de 800 mil "parece ambição demais, mas basta ter boa vontade". Ele explicou que dificuldades na aplicação da lei estão sendo resolvidas em parcerias com o setor privado.

- Há um grande equívoco e desperdício acontecendo com empresas que estão contratando apenas para cumprir a lei e não estão aproveitando para descobrir talentos, e às vezes não inserem o jovem no contexto de trabalho. É preciso trabalhar para aprender, e quem mais sai ganhando é a empresa - disse Ricardo Piquet, gerente de Desenvolvimento Institucional da Fundação Roberto Marinho e responsável pelo programa "Aprendiz Legal", que formou 20 mil jovens aprendizes nos últimos dois anos.

A Fundação Roberto Marinho montou uma rede em todos os estados e tem cerca de 4 mil empresas cadastradas para receber aprendizes. O ensino teórico é feito pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE).

- Quando me candidatei, estava apenas estudando, não sabia nem qual vestibular prestar. Foi trabalhando aqui que descobri minha vocação para a engenharia. Em menos de um ano, fui contratado como estagiário e curso faculdade. Hoje, sou responsável por outro jovem aprendiz, de 18 anos - disse Vinicius Canuto, 20, ex-aprendiz que trabalha na Carl Zeiss Vision, em Petrópolis.