Título: Em Blumenau, a dor das lembranças perdidas
Autor: Gobbi, Nanda
Fonte: O Globo, 27/11/2008, O País, p. 5

BLUMENAU. Nos 46 abrigos de Blumenau, cerca de quatro mil pessoas aguardam. Choram, falam ou calam. Muitas perderam parentes. Outras perderam quase tudo: pertences pessoais, diários e lembranças. Grande parte não sabe como será a vida depois da calamidade instalada na cidade do Vale do Itajaí desde sábado. Entre todas, esperança de reencontrar parentes e amigos.

A água forte que destruiu ruas e isolou bairros também separou famílias. A tragédia que desceu dos morros e soterrou casas fez 21 mortos.

A Catedral de Blumenau acolhe uma das maiores concentrações de desalojados, com 196 pessoas, de acordo com os dados organizados pelos 50 voluntários que se revezam para atender as vítimas desde domingo à tarde.

¿ O pessoal chega aqui muito cansado e sujo de lama. Tem gente que caminhou quilômetros, dois, três dias, à noite. Gente que estava soterrada, que não consegue dormir e aguarda reencontrar suas famílias ¿ conta o médico voluntário Luciano Kowalski Coelho, de 39 anos.

Para atender as vítimas, foi montado um esquema na área central de Blumenau. Equipes de voluntários e integrantes do Exército Brasileiro, da Defesa Civil e da Polícia Civil se dividem entre as tarefas de receber e auxiliar os desabrigados.

da Agência RBS