Título: Devastação cresceu 3,8% em um ano
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 29/11/2008, O País, p. 3

SÃO PAULO. Entre agosto de 2007 e julho de 2008, a Floresta Amazônica perdeu uma área de mata equivalente à de dez cidades do tamanho do Rio de Janeiro. A informação é do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe). No período, 11.968 km² de floresta foram consumidos pelas chamas e depois deram lugar ao gado e à agricultura. A área é 3,8% maior do que a desflorestada no período de agosto de 2006 a julho de 2007, quando houve devastação de 11.532 km².

Embora o desmatamento tenha aumentado, o Inpe considera que o índice está dentro de uma margem de erro de 5% para mais ou para menos, o que, segundo a entidade, representa uma estabilidade nos números da devastação da floresta na Amazônia.

Esta foi a primeira vez desde 2004 que o índice de desmatamento aumentou, em vez de cair, na região da Amazônia Legal, que abrange nove estados - todos os da Região Norte e mais o Maranhão.

O estado aonde a floresta foi mais devastada é o do Pará, com 5.180 km² de desmatamento, mais de 43% do total de toda a Amazônia em cinzas. Em seguida, vem Mato Grosso, com 3.259 km², ou 27,2% de toda a área derrubada. Rondônia, que ao longo do ano esteve entre os estados que mais desmataram nas medições mensais do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter), também do Inpe, surge na quarta posição, com 1.061 km² de devastação. O único estado que não registrou desflorestamento foi o Amapá.

Para o diretor do Inpe Gilberto Câmara, os números não são de todo negativos, pois registram estabilização na derrubada da floresta. Isso porque os dados revelados pelo monitoramento de queimadas, outro sistema regular de fiscalização do Inpe, levavam a crer que o atual período apresentaria um crescimento na devastação, uma vez que o número de focos de incêndio cresceu mais que 50%.