Título: Planalto não se oporá à convocação
Autor: Vascncelos, Adriana; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 28/11/2008, Economia, p. 27

Líderes governistas no Senado consideram reação bravata de opositores.

BRASÍLIA. Alvo da oposição, o governo reagiu e acusou os senadores do PSDB de fazer das críticas ao empréstimo da Caixa Econômica Federal (CEF) à Petrobras um trampolim político. Mas, para não dar mais combustível à polêmica, a estratégia da liderança do governo no Senado foi não se opor ao requerimento de convite para que os presidentes da Petrobras, José Sergio Gabrielli, da Caixa, Maria Fernanda Coelho, do Banco do Brasil, Francisco Lima Neto, e do Banco Central, Henrique Meirelles, esclareçam as condições do crédito. A audiência deverá ocorrer na próxima semana.

- O governo quer deixar claro que, no momento de crise, o empréstimo veio para melhorar as condições da Petrobras - disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), após a aprovação, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do requerimento do senador Artur Virgílio (PSDB-AM).

Em um evento em São Paulo, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que as críticas são infundadas. Segundo ele, a oposição está sem discurso e às vezes começa a inventá-lo para suprir essa deficiência.

- Gostaria de saber por que (o senador) está criticando. A Petrobras é a maior empresa do Brasil, fez um empréstimo em condições normais de mercado e queria saber qual o motivo da crítica. A empresa tem um peso enorme nos investimentos do Brasil, e a Caixa é um banco. Acho estranho esse tipo de crítica. Para mim, sinceramente, é falta de conversa - disse ele.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, também minimizou. Segundo ele, a Petrobras, ao contrair o empréstimo junto à Caixa, agiu normalmente, pois esse tipo de financiamento tem sido feito com regularidade, tanto no Brasil quanto no exterior e não há qualquer gravidade no negócio:

- A Petrobras já contraiu empréstimos no exterior em outros momentos. Está apenas repetindo o que sempre fez.

"Está sendo feito um ataque especulativo à Petrobras"

Na base aliada, a ordem é não alimentar a polêmica com a oposição, e os comentários sobre as críticas foram reservados. Um importante senador governista resumiu a manobra da oposição:

- Está sendo feito um ataque especulativo à Petrobras.

Para outro parlamentar igualmente de peso, a oposição está arranjando uma manobra política devido ao apoio da Petrobras aos investimentos e a prefeituras. No governo, uma corrente acusa ainda o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de criar o caso como vingança pelo fato de a Petrobras não ter levado negócios para o Ceará.

Segundo uma fonte, o senador não engoliu o fato de a estatal não ter concordado em vender gás natural subsidiado para alimentar os fornos da siderurgia Ceará Steel, projeto da coreana Dongkuk Steel, da italiana Danieli e da Vale. Em 2006, a bancada cearense pressionou para que a estatal fornecesse o gás. Com o impasse, a construção foi adiada e será movida a carvão, com custo mais elevado.