Título: Em 3 meses, corte de 172 mil vagas no mundo
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Fonte: O Globo, 28/11/2008, Economia, p. 28

Cálculo inclui setores não-financeiros. ArcelorMittal anuncia demissão global de 9 mil e férias coletivas no Brasil.

LUXEMBURGO, NOVA YORK, TÓQUIO, BUENOS AIRES e RIO. As demissões resultantes do agravamento da crise financeira global já somam 172.250 no mundo, segundo levantamento da agência de notícias Reuters. O número considera os anúncios feitos desde o início de setembro, quando a turbulência se acentuou, e apenas nos setores não-financeiros. O cálculo inclui os 9 mil funcionários da siderúrgica ArcelorMittal que deverão perder o emprego por conta de um programa global de demissões voluntárias anunciado ontem. É possível que o Brasil entre no plano. Paralelamente, a subsidiária brasileira da siderúrgica divulgou que 1.457 funcionários terão férias coletivas no país devido à queda na demanda.

Com o corte de 9 mil vagas - pouco mais de 3% do quadro -, a ArcelorMittal pretende reduzir gastos em US$1 bilhão nos setores administrativo, de vendas e serviços gerais, os primeiros a serem atingidos. Hoje a empresa tem mais de 320 mil empregados, dos quais cerca de 16 mil no Brasil. Este mês, a empresa já anunciara corte de 35% da sua produção global para 2008.

Férias coletivas já começaram no Brasil

"Foi uma decisão muito difícil para a empresa. Lamentavelmente a realidade econômica global significa que é sensato adotar essas medidas", disse em comunicado Bernard Fontana, membro do comitê gerencial da ArcelorMittal.

No Brasil, é possível que o plano de demissões seja implantado no primeiro trimestre de 2009. O que já está decidido é que 1.457 funcionários terão férias coletivas em três unidades da ArcelorMittal Aços Longos (antiga Belgo Mineira), uma das três empresas controladas no país pela ArcelorMittal Brasil. O período em que os empregados vão cruzar os braços varia de 13 de novembro a 2 de janeiro. A siderúrgica não divulgou previsão de corte de produção. A capacidade total da subsidiária brasileira é de 11,4 milhões de toneladas anuais.

Gerdau adia na Argentina usina de US$524 milhões

O cenário de incerteza também fez a Gerdau adiar investimentos de US$524 milhões para a construção de uma usina na província argentina de Santa Fe, anunciada em setembro. O projeto previa a criação de 500 a 700 vagas, e a idéia era terminar as obras em julho de 2010. Em nota, a Gerdau afirmou que "a empresa está revisando o cronograma de implantação de investimentos."

O setor automobilístico também continua a sofrer com a crise financeira. Ontem a montadora japonesa Mitsubishi anunciou que os contratos de 1.100 funcionários temporários no Japão não serão renovados em 2009. Já a alemã Daimler estuda reduzir as horas trabalhadas em fábricas na Alemanha. A General Motors igualmente avalia diminuir a carga horária de seus funcionários na Europa, com o objetivo de cortar gastos em 10%. A GM também planeja vender ou extinguir marcas, como Saturn, Saab, Pontiac e Hummer, segundo a Bloomberg News. (Colaborou Janaína Figueiredo, correspondente)