Título: Um em cada 3 alunos já viu arma na escola
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 30/11/2008, O País, p. 3

BRASÍLIA. Uma pesquisa da Unesco realizada em 2005 mostrou que, entre alunos entrevistados em seis capitais, 35% disseram já ter visto alguma arma, de fogo ou não, onde estudam. Dos entrevistados, 12% disseram ter visto revólveres. O canivete foi a arma mais citada pelos estudantes. Pelo menos 21% dos entrevistados contaram já ter visto um na escola. As facas aparecem em seguida, sendo citadas por 13%. Já 1,2% dos estudantes admitiu que entrou na escola usando uma arma de fogo. De acordo com a Unesco, esse percentual, embora pequeno, significa que 20 mil alunos já foram para a aula portando uma arma de fogo.

No Distrito Federal, quatro em cada dez alunos da rede pública dizem que a violência nas escolas afeta a qualidade da educação. É o que mostra uma pesquisa com cerca de 10 mil alunos e 1.300 docentes que acaba de ficar pronta.

O levantamento foi feito de 2006 a 2008, pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), a serviço da Secretaria de Educação do DF. A pesquisa mostrou que 69,2% dos alunos disseram saber de casos de roubo no local onde estudam e 27,8% afirmaram que eles próprios já foram vítimas desse tipo de delito.

Autora das duas pesquisas, a socióloga Miriam Abramovay observa que as escolas vivem num clima tensão prejudicial à aprendizagem. Além das ocorrências que ela classifica como violências "duras" - agressões, roubos, ameaças e tráfico de drogas -, ela chama a atenção para a discriminação contra negros e pobres e ataques com viés sexual, que vão desde um beijo forçado até tentativas de estupro.

O secretário de Educação do Distrito Federal, José Valente, vai usar as informações para enfrentar o problema. Ele pretende estimular a criação de grêmios estudantis e abrir canais internos de resolução de conflitos, além de melhorar a formação de professores.