Título: Não se pode agir com emoção
Autor: Vasconcelos, Adriana; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 30/11/2008, O País, p. 13

O senador Tião Viana (PT-AC) não enxerga veto de Renan Calheiros à sua candidatura a presidente do Senado, e acredita que os peemedebistas vão abrir mão de lançar candidato.

Por que o senador Renan Calheiros quer evitar sua candidatura?

TIÃO VIANA: Acho natural o movimento dele para fortalecer a bancada. Os problemas do PMDB não são poucos. Creio no entendimento.

De outras vezes, o senador Sarney negou e acabou sendo candidato...

TIÃO: O senador Sarney entende que não é hora para ele disputar a presidência do Senado, externou-me isso com convicção. Não tenho por que duvidar de sua palavra.

O senhor devolveria a MP das Filantrópicas?

TIÃO: As MPs são uma invasão ao Legislativo. Temos de regular o rito delas. O Garibaldi expressou inconformismo generalizado da Casa com as MPs, mas tenho dúvida da segurança jurídica da decisão. A emoção não pode abalar a segurança jurídica. Um chefe de Poder não pode agir com a emoção. Mas vai refletir de maneira positiva na Casa. Seguramente o governo dará freios ao enviar medidas provisórias à Casa.

Até que ponto o presidente Lula teve influência no lançamento de seu nome?

TIÃO: Não há prefeito que não traga influência na eleição do presidente da Câmara Municipal. Ou governador que não influencie a disputa nas Assembléias. Nem presidente que não tenha influenciado numa eleição no Congresso. O presidente Lula avisou que ficará à distância.

O senhor é lembrado como a pessoa que teria levado o ex-ministro Antônio Palocci a quebrar o sigilo do caseiro Francenildo dos Santos.

TIÃO: Eu me orgulho de ter defendido o deputado Palocci. Aquele episódio demonstra desequilíbrio emocional da relação entre governo e oposição, na qual Palocci foi vítima. Claro que se vitimou também um direito individual do caseiro. Eu estava no Acre quando ocorreu tudo aquilo. Não tive envolvimento. Não diz respeito a mim.