Título: Discreto mas polêmico, Tião enfrenta pressão no Senado
Autor: Vasconcelos, Adriana; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 30/11/2008, O País, p. 13

Apoiado por Lula, senador é odiado por Renan Calheiros.

BRASÍLIA. Médico especialista em doenças tropicais, o senador Tião Viana (PT-AC) é descrito como um político discreto, pouco ousado, mas com princípios éticos e flexível nas negociações. Mais apagado que o irmão, o ex-governador do Acre Jorge Viana, no cenário político, tem agora a seu favor gestões do presidente Lula para fazê-lo sucessor do presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN) no Senado.

Como vice-presidente da Casa, ganhou o ódio do ex-presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) ao comandar o processo que levou à sua renúncia do cargo, ano passado. E se envolveu no escândalo da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Souza pelo ex-ministro Antonio Palocci, apontado como o responsável pela informação de que o caseiro havia recebido dinheiro da oposição para denunciar Palocci. Ele nega, e diz ser caso superado.

- Não está esquecido. Mas não faço ligação disso com sua capacidade de presidir ou não o Senado. Não reconheço sua candidatura porque o PMDB terá candidato próprio - diz o senador Almeida Lima (PMDB-SE), um dos relatores do caso Renan no Conselho de Ética.

O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), diz que Renan luta contra a candidatura de Tião não por mágoa, mas por querer eleger um peemedebista sob o qual tenha influência.

- Tião não é um cara de perfil ousado. Mas, com jeito e bastante conversa, pode fazer o que tem de ser feito. Também não tem expressão nacional, mas o Senado o respeita - diz.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) lembra que Tião entrou com um recurso no Supremo para barrar a entrada de 13 deputados na sessão secreta que analisaria a cassação de Renan.

- Ninguém acreditava que Tião, um conciliador bom de conversa, tivesse recorrido ao Supremo para nos barrar.

O lançamento da candidatura de Tião gerou mal-estar entre peemedebistas. Mas sua campanha ganhou corpo. O ex-presidente José Sarney, nome mais forte na bancada peemedebista, comunicou a aliados que não pretende disputar a vaga.