Título: China faz maior corte de juros em 11 anos
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Fonte: O Globo, 27/11/2008, Economia, p. 24
É a quarta redução desde 15 de setembro. Decisão puxa mercados: Dow Jones sobe 2,91% e Bovespa, 4,76%.
Da Bloomberg News*
PEQUIM. A China fez ontem o maior corte na taxa de juros em 11 anos, desde a crise financeira da Ásia, em mais um esforço para evitar um colapso da economia. O corte é o quarto desde 15 de setembro, após um período de seis anos de estabilidade na taxa do país. A decisão provocou uma onda de otimismo, que puxou bolsas de valores de todo o mundo.
O Banco Popular da China (o BC chinês) anunciou corte de 1,08 ponto percentual das taxas de empréstimos de um ano e depósitos que os bancos são autorizados a cobrar. A nova taxa de empréstimo é de 5,58% e a de depósito, 2,52%.
Além disso, a autoridade monetária reduziu as alíquotas do depósito compulsório para os grandes bancos, de 17% para 16%. Para os bancos menores, o recolhimento cairá para 14%. É a maior queda na taxa do compulsório desde 1999.
Reação aos sinais crescentes de desaceleração
A medida é uma reação aos sinais crescentes de desaceleração da economia do gigante asiático. O corte ocorre um dia depois de violentos protestos em que centenas de trabalhadores desempregados atacaram veículos da polícia perto de Hong Kong, e cinco dias depois que altas autoridades chinesas alertaram Pequim que a economia continuava deteriorando, ameaçando a estabilidade social do país. Há menos de três semanas, o governo chinês anunciou um pacote de 4 trilhões de yuans (US$586 bilhões) para estimular a economia. E o Banco Mundial reviu de 9,2% para 7,5% a projeção de alta do PIB da China em 2009, a menor expansão em quase 20 anos.
"Com objetivo de implementar uma política monetária flexível, assegurar a fluidez do sistema bancário, garantir um crescimento estável do crédito e demonstrar o papel positivo que a política monetária desempenha no apoio ao crescimento da economia, o Banco Popular da China decidiu fazer ajustes para baixo em suas taxas de juros", informou o banco em nota.
A expectativa de que a redução dos juros na China ajude a estimular a economia do país e do mundo favoreceu o desempenho dos mercados financeiros. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 2,91%, enquanto o Nasdaq subiu 4,60%. Hoje, os mercados americanos estarão fechados, devido ao feriado do Dia de Ação de Graças.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também sentiu os reflexos e fechou em alta de 4,76%, aos 36.469 pontos.
O dia foi de altas também na Ásia. A Bolsa de Hong Kong subiu 3,81%, acompanhada por avanço de 0,49% em Xangai, de 3,38% em Jacarta, e de 4,72% em Seul. A exceção foi Tóquio, com queda de 1,33%, devido a notícias ruins sobre a Toyota. Já na Europa, houve queda de 0,44% na Bolsa de Londres e de 1,24% na de Paris. A Bolsa de Frankfurt ficou estável.
O petróleo também foi favorecido pela decisão do BC chinês. O preço do barril do tipo leve americano subiu 7,23%, a US$54,44, enquanto o do Brent, negociado em Londres, avançou 7,09%, a US$53,92.
(*) Com agências internacionais