Título: Na defesa do Equador, o PSOL
Autor: Mendes, Adriana; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 01/12/2008, Economia, p. 16

Suplicy diz que sua participação em ONG que estimulou o calote é pequena.

BRASÍLIA. Em rota contrária à maior parte de seus colegas no Congresso Nacional, a líder do PSOL na Câmara, deputada Luciana Genro (RS), toma partido do governo equatoriano. Ela não só acha que o Equador tem direito de contestar a dívida com o Brasil, como considera um fator positivo que outros países como Venezuela, Bolívia e Paraguai façam o mesmo. Na sua opinião, o Brasil deveria seguir o exemplo.

- Nós achamos que o Equador tem direito de contestar o contrato e o tribunal ao qual ele recorreu existe para isso, para que o país possa colocar em xeque um contrato que não é válido. É uma questão que está em litígio. É um tribunal legítimo para uma contestação - disparou.

Ela acha positivo os outros países fazerem auditoria de suas dívidas:

- É um direito que todos têm.

Luciana defendeu a participação da funcionária da Receita Federal Maria Lúcia Fatorelli na comissão da dívida externa do Equador:

- É uma decisão absolutamente correta. Se o Equador convida, porque razão o Brasil iria proibir? Não vejo que esse fato signifique que o Brasil está comprometido com o resultado da auditoria.

Conselheiro da Rede Jubileu, uma das organizações não-governamentais (ONGs) que teriam estimulado o presidente do Equador, Rafael Correa, a fazer a auditoria nos contratos com o Brasil, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) recomenda cautela ao governo brasileiro diante da ameaça de calote. Para ele, os empréstimos devem ser analisados individualmente, antes de uma decisão mais dura.

- O governo do presidente Lula tem tido com cada um desses governos uma relação de muito diálogo e deve continuar com esse procedimento. O Paraguai tem indicadores sociais semelhantes aos nossos, mas os outros países não . E é interessante para o Brasil que a região se integre cada vez mais - ponderou.

Ele disse que sua participação na Rede Jubileu é muito reduzida. De qualquer forma, considera que as auditorias em dívidas externas são uma medida interessante porque, segundo ele, garantem transparência à situação econômica dos países. Em novembro, a Rede Jubileu fez em Brasília o seminário "Auditoria da Dívida na América Latina", que contou com representantes de instituições de Equador, Brasil, Argentina, Paraguai, Peru, Bolívia e Bélgica. O objetivo do seminário era apresentar dados preliminares da auditoria feita pelo governo equatoriano e estimular que outros países investigassem suas dívidas externas.