Título: É oficial: os EUA estão em recessão
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Fonte: O Globo, 02/12/2008, Economia, p. 23

Grupo de economistas estabelece início da retração em dezembro de 2007. Bolsa de NY desaba 7% e SP, 5%.

Da Bloomberg News

Aeconomia dos Estados Unidos entrou em recessão em dezembro de 2007, na mais longa retração desde 1982, afirmou ontem o National Bureau of Economic Research (NBER). Segundo o NBER, foi quando o último período de crescimento atingiu seu pico, registrando, a partir de então, declínio em todos os meses. "O comitê determinou que o declínio na atividade econômica em 2008 está conforme o padrão de uma recessão", disse, em comunicado, o NBER, um grupo privado de economistas, que sempre determina as durações dos ciclos de expansão e contração da economia americana. A retração dos EUA começou antes de Japão e Europa.

A última recessão dos EUA durou oito meses: de março a novembro de 2001, segundo o NBER. O ciclo de expansão então iniciado foi de 73 meses, contra os 120 meses do registrado nos anos 1990. O grupo não usa a definição mais comum de recessão, de dois trimestres consecutivos de retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), preferindo analisar dados como produção industrial, desemprego e renda ao longo dos meses.

Os mais longos ciclos recessivos do pós-guerra duraram 16 meses: o de 1973-1975 e o de 1981-1982. Se a atual desaceleração persistir por mais cinco meses, como estimam o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e consultorias privadas, será a mais longa desde a Grande Depressão. É a segunda recessão do governo George W. Bush. Desde Richard Nixon (1969-1974) um presidente americano não enfrentava duas recessões.

Fed acena com mais corte de juros

O presidente do Fed, Ben Bernanke, afirmou ontem, em discurso a empresários em Austin, que a economia deve permanecer desaquecida por mais algum tempo. E deixou claro que o Fed vai continuar usando suas armas para combater a desaceleração, ressaltando que mais cortes de juros são "certamente factíveis". A taxa básica do Fed está hoje em 1% ao ano.

Um dos fatores que pesou para a recessão, afirmou o NBER, foi a eliminação de 1,2 milhão de vagas nos primeiros dez meses deste ano. Estima-se que o índice de desemprego de novembro, a ser divulgado na sexta-feira, fique em 6,8%, o maior nível desde 1993.

Em nota, a Casa Branca afirmou que "o importante agora é fazer com que os mercados financeiros e de crédito voltem ao normal" e que o governo continuará se concentrando nessas áreas e no setor imobiliário.

Estabelecido seu início, o que preocupa os economistas agora é quando a recessão chegará ao fim.

- Teremos sorte se acabar em meados do ano que vem - disse Jeffrey Frankel, do NBER. - Todos pensavam que recessões longas eram coisa do passado.

Em Nova York, o Dow Jones desabou 7,7%, enquanto Nasdaq e S&P despencaram 8,95% e 8,93%, respectivamente. Londres caiu 5,19%, Paris, 5,59%, e Frankfurt, 5,88%.

A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 5,07%, para 34.740 pontos, a pior variação em sete dias. O volume financeiro foi de apenas R$2,783 bilhões, abaixo da média de novembro, de R$3,773 bilhões. As ações preferenciais da Vale caíram 6,61%. Petrobras recuou 8,28% e Gerdau, 8,38%. Já o dólar subiu 0,22%, para R$2,320, sem intervenções do Banco Central.

COLABOROU Juliana Rangel, com agências internacionais

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