Título: Chávez reforça ataque a opositores e volta a defender reeleição indefinida
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 02/12/2008, O Mundo, p. 31

Presidente venezuelano diz que Maracaibo pode passar por nova votação.

BUENOS AIRES. Uma semana depois de ter sido derrotado por seus opositores nas eleições para governador e prefeito em importantes cidades e estados do país, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reforçou o ataque a seus principais adversários e decidiu dar forte impulso à proposta de aprovar uma emenda constitucional que permita sua reeleição indefinida. Chávez afirmou que o prefeito eleito da cidade de Maracaibo, Manuel Rosales (derrotado pelo chefe de Estado nas eleições presidenciais de 2006), provavelmente será preso, o que obrigará o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a convocar uma nova eleição municipal.

O presidente também disse aos novos governadores dos estados de Zulia e Táchira que nem pensem em criar uma "Meia Lua" venezuelana, em referência aos estados opositores bolivianos que buscam aprovar estatutos autonômicos.

Longe de ter adotado um tom mais conciliador depois do revés eleitoral (a oposição passou a controlar 45% do país) de 23 de novembro passado, Chávez partiu para o ataque.

- Agora, sim, vamos demonstrar quem manda na Venezuela - declarou Chávez, que disse estar disposto a governar até 2019 ou 2021 (seu mandato termina em 2012 e atualmente não existe possibilidade de nova reeleição).

O presidente disse, ainda, que espera que a emenda sobre a reeleição esteja pronta em fevereiro e "que não existe chavismo sem Chávez. Quem trai Chávez morre politicamente".

EUA condenam venezuelano envolvido no caso da mala

Segundo Nicolás Toledo, diretor da Consultores XXI,, se o referendo sobre a polêmica emenda constitucional fosse realizado hoje, o presidente seria derrotado.

- A maioria dos venezuelanos, chavistas e antichavistas, consideram que o presidente deve favorecer o surgimento de novas lideranças no país - explicou por telefone, de Caracas.

Segundo ele, "cerca de 75% dos chavistas acreditam na necessidade de abrir novos espaços para que possam crescer lideranças alternativas".

As declarações sobre a reeleição ocorreram no mesmo dia em que a Justiça americana condenou a dois anos de prisão o advogado venezuelano acusado de atuar em Miami como agente do governo de Chávez para abafar o escândalo da mala com dinheiro supostamente enviada por Caracas à então candidata à Presidência da Argentina Cristina Kirchner.

O advogado Moisés Maiónica - que disse ser contratado pela Direção de Inteligência da Venezuela (Disip) para pressionar o empresário Guido a abafar o caso - já tinha se declarado culpado, o que levou a juíza federal Joan Lenard a determinar uma forte redução da pena por sua "colaboração excepcional". Maiónica era acusado pela Justiça americana de atuar como agente ilegal de um governo estrangeiro e de conspiração, e poderia pegar uma pena de até 15 anos de prisão. O advogado foi condenado ainda a uma multa de US$25 mil.