Título: Deputado do castelo complicado
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 18/03/2009, Política, p. 03

A polêmica em torno das notas fiscais apresentadas pelos parlamentares para justificar o uso da verba indenizatória ganhou força no último dia 5 de fevereiro, quando o Correio publicou a coincidência de gastos do deputado Edmar Moreira (DEM-MG).

Dono de três empresas de segurança privada, o parlamentar utilizou cerca de 80% da verba indenizatória da qual teve direito em 2008 para contratar serviços do setor. Apesar de não haver provas, à época, de que os recursos foram destinados para suas empresas ¿ visto que as notas fiscais apresentadas permaneciam em sigilo ¿, a nuvem de dúvidas e suspeitas levou a Mesa Diretora a aprimorar a divulgação dos gastos realizados.

Além das suspeitas de mau uso da verba indenizatória, Moreira foi acusado de sonegar impostos e de omitir da Receita Federal a propriedade de um luxuoso castelo, o Monalisa, avaliado em R$ 25 milhões, no interior de Minas Gerais (foto).

Eleito segundo vice-presidente da Casa, responsável pela Corregedoria, ele sustentou que a Câmara era incapaz de julgar casos de quebra de decoro parlamentar. Como alternativa, sugeriu que as perdas de mandato fossem definidas pela Justiça e não mais pelos colegas.

A declaração veio carregada de polêmica pelo trabalho que ele realizou no Conselho de Ética, na época do mensalão, quando mais absolveu do que condenou os colegas. Moreira já estava fragilizado porque havia sido eleito para a Corregedoria numa empreitada avulsa, derrotando o candidato oficial do próprio partido, Vic Pires (DEM-PA). Diante das denúncias, Moreira teve de renunciar ao cargo de segundo vice-presidente.