Título: Inquérito apura suposta informação privilegiada
Autor: Freire, Flávio; Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 03/12/2008, O País, p. 8

Atuação de Gilberto Carvalho é apurada.

BRASÍLIA. A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu, na semana passada, um inquérito civil para apurar se o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, fez uso de sua função para conseguir informações privilegiadas para o ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado que atuava a pedido do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity.

Segundo o Ministério Público Federal, Carvalho teria se aproveitado do alto cargo que ocupa no Palácio do Planalto para averiguar se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão ligado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, investigava Humberto Braz, ex-presidente da empresa Brasil Telecom. Greenhalgh, por sua vez, teria procurado Gilberto Carvalho a pedido de Dantas.

A suspeita apareceu a partir de grampos telefônicos feitos pela Operação Satiagraha, que investigava Dantas, e era objeto de apuração do Ministério Público do Distrito Federal há cerca de seis meses. No último dia 25 de novembro, a procuradora Ana Carolina Alves Araújo Roman assinou a Portaria IC nº 307/08-AA, transformando o procedimento de investigação em inquérito civil sobre Gilberto Carvalho.

Segundo a Procuradoria, o inquérito foi instaurado por uma questão burocrática. É que, segundo a resolução número 23 do Conselho Nacional do Ministério Público, um procedimento de investigação não pode ser prorrogado por mais de 90 dias, tempo que já teria expirado no caso da apuração sobre o chefe de gabinete do presidente.

Na justificativa, a procuradora diz ainda que a 6ª Vara Criminal de São Paulo ainda não havia remetido os áudios das conversas supostamente travadas entre Gilberto Carvalho e Luiz Eduardo Greenhalgh. E que faltavam "outras diligências" serem feitas para apurar supostas irregularidades referentes ao caso Satiagraha.