Título: Empresários cobram corte urgente de juros
Autor: Bôas, Bruno Villas; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 03/12/2008, Economia, p. 21
SÃO PAULO. O recuo da indústria pegou os empresários de surpresa. Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, a desaceleração na produção não era esperada para este ano.
- Os números divulgados pelo IBGE já refletem um cenário de desaceleração mundial, sentido principalmente por setores que dependem de crédito e financiamento das vendas, além dos exportadores, que sentem a retração do mercado mundial - disse o empresário.
Jorge Gerdau, do Grupo Gerdau e porta-voz do Fórum da CNI, que reúne 45 líderes industriais, cobrou a queda "urgente" nos juros do país. Para ele, taxas altas são necessárias quando a demanda supera a oferta, o que não é mais o caso.
- Juros altos desestimulam o crescimento e o consumo, o que é a última coisa que se deseja no momento atual.
Ele citou a situação específica da sua empresa, que está adiando investimentos e revendo metas de produção.
- Estamos ajustando a produção à demanda, é um período de ajustes. O problema é que as empresas estão reduzindo seus estoques, mesmo as que ainda não reduziram a produção - afirmou Gerdau.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, também disse que a tendência da produção é declinante. Para ele, os números divulgados pelo IBGE refletem a realidade e o fim das expectativas positivas de uma parte do empresariado.
- A tendência é de queda mesmo. Ainda não estamos vivendo o apogeu da crise, mas ela já está aí - disse ele.