Título: Dólar avança 3,83%, para R$2,41
Autor: Doca, Geralda; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 03/12/2008, Economia, p. 23

Bolsa de NY sobe 3,31% e de SP, 0,75%. Japão dá crédito ilimitado a bancos.

RIO, NOVA YORK, LONDRES e TÓQUIO. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou ontem parte da recuperação dos mercados americanos, após a forte queda da véspera. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 0,75%, aos 35 mil pontos. Devido à diferença de fuso horário, no entanto, a Bolsa brasileira não seguiu a disparada das últimas horas do pregão americano. Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 3,31%, e o Nasdaq, de 3,70%. No Brasil, o dólar subiu 3,83%, a R$2,410.

O motivo do bom humor do mercado no Brasil foi a expectativa de corte de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) e da Inglaterra, amanhã, e pelo BC americano no dia 16. A medida seria uma resposta ao desaquecimento da economia desses países. Ontem, a Austrália reduziu a taxa em 1 ponto percentual, para 4,25%, o menor patamar em seis anos.

O banco central do Japão, por sua vez, manteve a taxa em 0,3% e anunciou um pacote de 3 trilhões de ienes (cerca de US$32 bilhões). Entre as medidas, estão financiamentos ilimitados a bancos comerciais com juros baixos. A idéia é que, assim, eles elevem a oferta de crédito a empresas, sobretudo as pequenas. O BC japonês informou ainda que flexibilizou as condições para aceitar dívidas corporativas como garantia dos empréstimos.

No Brasil, o BC voltou a ficar fora do mercado de câmbio. Mas informou que fará um leilão de até US$2 bilhões hoje, voltado para linhas de exportação. Pela manhã, a cotação chegou a cair quase 1%, o que teria disparado movimentos de compra de empresas que desejam zerar suas posições em derivativos de câmbio ainda neste ano.

Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Aracruz informou que não conseguiu renegociar a dívida de US$2,13 bilhões com os bancos, fruto dessas operações. O prazo para que as partes cheguem a um acordo foi adiado para 11 de dezembro. As ações da empresa caíram 0,56%.

Inflação cai na Europa e desacelera em São Paulo

Já o Ibovespa subiu 2,8% na máxima, puxado por ações da Petrobras e de bancos. Perto do fechamento, os papéis da estatal recuaram e fecharam em queda de 0,54%, reduzindo os ganhos da Bolsa. Nos EUA, as fortes altas refletiram a expectativa de que as montadoras americanas tenham seu pedido de socorro aprovado pelo Congresso.

Na Europa, a queda dos preços ao produtor na zona do euro - de 0,8% em outubro, em relação a setembro -, aumentou a chance de corte de juros no continente, impulsionando as bolsas. Londres avançou 1,41%, Paris, 2,35%, e Frankfurt, 3,12%. No ano, a inflação recuou de 7,9% para 6,3% em outubro. Na Ásia, Tóquio caiu 6,35%, refletindo a baixa nos EUA do dia anterior. Hong Kong retraiu 4,98% e Xangai, 0,26%.

Em São Paulo, a inflação ao consumidor medida pelo IPC-Fipe desacelerou para 0,39% em novembro - em outubro fora de 0,50%. O menor ritmo de alta nos custos de habitação foi o que mais contribuiu para o recuo.

(*) Com agências internacionais