Título: Construção civil receberá mais R$3 bi do FGTS
Autor: Doca, Geralda; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 03/12/2008, Economia, p. 23

Juros de financiamentos imobiliários para famílias com renda até R$2 mil também foram reduzidos de 6% para 5% ao ano.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O Conselho Curador do FGTS aprovou ontem socorro adicional de R$3 bilhões ao setor da construção civil. Esses recursos serão usados em 2009 e estão aplicados hoje em títulos públicos. Com foco na produção de novas unidades, a linha de crédito permitirá ao FGTS comprar das empreiteiras debêntures - títulos com garantia em lançamentos - ou cotas de fundos de investimento imobiliário a serem criados pelas empresas de menor porte. A taxa de juros será de 7% ao ano, mais a TR para moradias populares (até R$130 mil) e 9% ao ano (mais TR) nos demais casos. Foi autorizada a compra de até 80% dos novos empreendimentos.

Na reunião, os conselheiros também decidiram baixar os juros dos financiamentos imobiliários destinados à baixa renda (renda familiar até R$2 mil) - que caíram de 6% para 5% ao ano, mais a TR. Quem tem conta no FGTS vai ter redução adicional de 0,5 ponto percentual.

- É a menor taxa de juros da história. A mudança não afeta o equilíbrio econômico do Fundo e beneficia famílias carentes na compra da casa própria - disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que preside o Conselho.

Com aprovação da nova linha, o orçamento do FGTS para habitação chega a R$13,4 bilhões em 2009, segundo dados do Ministério do Trabalho. Há cerca de um mês o governo vem anunciando medidas para ajudar o setor a enfrentar a crise. Apenas as quatro iniciativas mais recentes somam R$15 bilhões de reforço à construção civil.

Primeiro, foi criada uma linha da Caixa Econômica de R$3 bilhões para financiar o capital de giro das construtoras. Ela tem até 31 de março de 2009, com juros entre 9% e 11% ao ano mais a TR. Em seguida, a Caixa e o Banco do Brasil (BB) lançaram financiamento de R$8 bilhões com condições facilitadas para servidores públicos federais, sem limite de renda e valor do imóvel. A Caixa fixou ainda meta de emprestar R$1 bilhão para a compra de material de construção com recursos do FGTS.

Roberto Setubal: alta do crédito vai desacelerar

Com financiamentos mais caros por causa do aperto na liquidez e bancos mais exigentes com tomadores, o ritmo da expansão do crédito no país deve sofrer desaceleração em 2009, previu ontem o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal. Ele estima que as contratações de novos empréstimos, que este ano crescerão mais de 30% em relação a 2007, avançarão de 15% a 20% no próximo ano.

- Numa conjuntura mais difícil, é natural os bancos ficarem mais seletivos. Os custos de captação subiram, houve repasse para financiamentos e com a conjuntura mais difícil (para emprego e renda) é natural esperar que a inadimplência cresça.

Setubal estima que 70% da integração entre Itaú e Unibanco estarão concluídos até o primeiro semestre de 2010.

Já o BB anunciou ontem que foi cancelada a parceria com o banco sul-africano FirstRand, que previa a abertura de um banco múltiplo no Brasil para atuar no financiamento de veículos no início de 2009.