Título: Petrobras: oposição rebate governo
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 03/12/2008, Economia, p. 24

Senadores pedem adiamento de audiência sobre empréstimo para a estatal.

BRASÍLIA. O PSDB e o DEM se uniram ontem à tarde no plenário do Senado para rebater as acusações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a oposição estaria promovendo uma espécie de terrorismo com a Petrobras. O primeiro a ocupar a tribuna foi o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o mesmo que fez o alerta na semana passada sobre o empréstimo de R$2 bilhões contraído pela estatal junto à Caixa Econômica Federal (CEF) em razão de problemas de capital de giro.

Mesmo preocupada, a oposição solicitou ontem o adiamento para o próximo dia 11 da audiência dos presidentes da Petrobras, José Sergio Gabrielli; da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho; e do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, para discutir a concessão de empréstimos à estatal.

Tasso não só reiterou sua preocupação com a situação financeira da empresa, como aproveitou para reagir às insinuações de que teria feito a denúncia por causa da suspensão da construção de uma refinaria no Ceará.

- Foram feitas acusações que procuraram me desqualificar. Em nenhum momento fiz qualquer acusação ou levantei suspeita de que a Petrobras estaria quebrada. Mas a defasagem entre aquilo que a empresa tem a receber e o que tem a pagar cresceu em R$12 bilhões no balanço do último trimestre, o que significa indubitavelmente um desequilíbrio de caixa grave.

Petrobras apresenta contas em reunião com ministro

Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), na audiência a Petrobras será obrigada a dar explicações sobre as dificuldades financeiras e não poderá simplesmente tentar desqualificar o alerta:

- A desqualificação do senador Tasso é um erro e um desvio recorrente na ação do governo. Toda vez que alguém faz uma crítica de conteúdo a esse governo, a primeira atuação não é responder, mas desqualificar quem a fez. Isso é absurdo, antidemocrático, deplorável, um desrespeito ao Senado, aos cidadãos brasileiros, à sociedade. A Petrobras tem que explicar.

Ontem, o presidente da Petrobras se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. No encontro, que durou cerca de duas horas, foram apresentadas as condições financeiras da estatal. Oficialmente, na pauta do encontro estavam os investimentos da estatal relativos à exploração do petróleo na camada pré-sal.