Título: Cirillo e Chicaroni eram sócios de empresa
Autor: Carvalho, Jailton de; Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 04/12/2008, O País, p. 8

Diretor de instituto de consultoria fundado por coronel nega espionagem e vínculo com Dantas.

BRASÍLIA. O ex-assessor de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) coronel Sérgio de Souza Cirillo, citado na sentença de condenação do banqueiro Daniel Dantas como suposto espião infiltrado no tribunal pelo dono do Opportunity, era sócio de Hugo Chicaroni no Instituto Sagres até julho, quando Dantas e Chicaroni foram presos na Operação Satiagraha.

Cirillo é sócio-fundador do Instituto Sagres, formado por oficiais da reserva do Exército há quatro anos. O instituto oferece consultoria em política, estratégia e inteligência. O diretor do Sagres, o coronel Raul Sturari, diz que o instituto não faz espionagem e não tem vínculo com Dantas ou qualquer pessoa investigada na Satiagraha.

- O Cirillo e o instituto não têm relação com Hugo Chicaroni, STF, grampo, espionagem ou com nada parecido. Não fizemos e não fazemos grampo.

Na sentença em que condenou Dantas a dez anos de prisão, o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, faz referências a vínculos entre Cirillo e Chicaroni. O coronel foi secretário-executivo do Sagres de 2004, quando o instituto foi criado, até julho, quando assumiu cargo no STF.

- Depois da prisão de Chicaroni, fizemos uma assembléia e ele foi expulso do instituto - afirma Sturari.

O Sagres é registrado como Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), mas atua como empresa e tem entre seus clientes a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, a Fundação dos Administradores do Rio Grande do Sul e a Universidade Católica de Brasília. Sturari não informou que contratos o Sagres tem hoje. Para ele, isso não é de interesse público, embora o instituto tenha vantagens de Oscip.

Segundo Cirillo, não há vínculo entre sua demissão do STF e a Satiagraha. Ele teria se afastado porque a Secretaria de Segurança entrou em choque com a direção do STF, ao vetar o embarque do filho de um ministro pela sala vip.

- O regulamento diz que a sala vip é para os ministros, não para familiares dos ministros - disse Cirillo.

O coronel confirmou que manteve contatos com Chicaroni, alguns às vésperas da Satiagraha. Mas disse que nada sabe sobre as relações de Chicaroni com Dantas. Disse que, se a PF quiser, está disposto a depor sobre o assunto. Oficial da reserva, ele administra uma escola de tênis na casa em que mora do Lago Sul, em Brasília.