Título: Férias coletivas para mais de 121 mil e demissões podem passar de 10 mil
Autor: Doca, Geralda; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 04/12/2008, Economia, p. 27

Vale anuncia corte de 1,3 mil e coloca 5,5 mil em licença

RIO e SÃO PAULO. Pelo menos 121.500 trabalhadores de vários setores da economia entraram ou devem entrar em férias coletivas neste fim de ano, grande parte antecipada por causa das turbulências da crise financeira mundial. Outros 8.200 devem perder emprego nos próximos meses, somando-se aos 2.510 que já foram demitidos desde novembro, segundo dados das empresas e de sindicatos. Os maiores impactos são registrados nos setores automobilístico, siderúrgico e de mineração, eletroeletrônico, petroquímico e de papel e celulose, entre outros.

Ontem, a Vale anunciou férias coletivas para 5.500 empregados em suas unidades em todo o mundo. Desse total, 80% trabalham em Minas Gerais. O período de férias coletivas começa em dezembro, e a última turma sairá em fevereiro. A empresa também cortou 1.300 vagas, das quais 20% em Minas Gerais. Outros 1.200 empregados estão sendo treinados para novas funções dentro da companhia.

A mineradora tem 47 mil funcionários próprios no Brasil e 15 mil em outros países, totalizando 62 mil empregados. Em outubro, a Vale anunciou uma redução de 30 milhões de toneladas de minério, equivalente a 9% de sua produção mundial anual.

As férias coletivas e demissões são mais intensas, no entanto, no ABC Paulista, onde cerca de 85 mil metalúrgicos empregados nas montadoras e em fábricas de autopeças terão um fim de ano diferente dos anteriores. Com os estoques recheados e a demanda por carros novos patinando, empresas estão antecipando a paralisação e ampliando o período de férias coletivas. Em autopeças, 8.200 podem perder emprego nos próximos meses, segundo estimativa do Sindipeças.

No setor de papel e celulose, a VCP (do grupo Votorantim) anunciou ontem a demissão de 118 funcionários que trabalhavam na expansão da base florestal de sua unidade em construção no Rio Grande do Sul, que também teve a inauguração adiada. A crise global foi apontada como justificativa para as medidas. No setor siderúrgico, a CSN deve colocar 2 mil dos 7 mil funcionários em férias coletivas em Volta Redonda (RJ), segundo o sindicato dos metalúrgicos local. A empresa foi procurada, mas não se manifestou.

LULA: CRÉDITO DA CAIXA À PETROBRAS TIRA DINHEIRO DE PEQUENAS, na página 28

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