Título: Para oposição, economia ainda ajuda o presidente
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Fonte: O Globo, 06/12/2008, O País, p. 10

Aécio reconhece avanços, mas diz que são decorrência também de uma "bendita herança".

BELO HORIZONTE e BRASÍLIA. O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que os índices de popularidade do presidente Lula medidos pela pesquisa Datafolha refletem o momento de otimismo da população brasileira.

- É uma avaliação da população brasileira, que se sente vivendo um bom momento. Decorre em grande parte do sentimento que o cidadão tem de como ele está, de como está a sua família, de como está progredindo no trabalho, que perspectivas tem para o futuro.

Aécio disse reconhecer que houve acertos do presidente Lula refletidos nesse bom desempenho com a população, mas destacou o que chamou de "bendita herança" em relação à estabilidade econômica.

- É a conseqüência de um bom momento que o Brasil viveu, mas em decorrência, em boa parte, também, de uma certa bendita herança em relação à estabilidade econômica, aos marcos fundamentais da política macroeconômica e também dos acertos do governo Lula, que eu reconheço.

No Congresso, os governistas atribuíram a avaliação positiva recorde do presidente ao reconhecimento de que o governo trabalha bem e soube lidar com a crise econômica mundial. Já para a oposição, os impactos da crise ainda não são sentidos no Brasil, e é natural a avaliação positiva, porque Lula colhe os frutos de um ciclo de crescimento.

Para o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), a pesquisa mostra que a expectativa da população, no que diz respeito à economia, está desconectada da realidade no mundo e no Brasil. Ele acredita que haverá retração da economia nos próximos meses e que a população, que continua se endividando, sofrerá um impacto forte:

- Isso vai jogar o Lula numa gangorra, quando houver a retração da economia. O governo segura três meses de popularidade, para colocar o Brasil num processo de recessão mais longo do que o necessário. Lula deveria criar um colchão para a crise, mas só há medidas do Banco Central. É por isso que o dólar continua subindo.

O líder do PSDB, José Anibal (SP), diz acreditar que a crise não afeta a popularidade de Lula porque, para a população, é algo que vem de fora. Ele acrescenta que a própria oposição vem ajudando o governo nas medidas preventivas para preservar emprego e renda. E afirmou que o alto índice de popularidade não desanima os tucanos:

- De jeito nenhum, é do jogo político. O eleitor está mais maduro, as eleições municipais mostraram que ele exerceu seu voto com autonomia.

O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, enfatizou que os números mostram o reconhecimento de um trabalho sério:

- Esse resultado não é surpresa. Lula está no auge da popularidade. As pessoas sabem diferenciar o que é reflexo da crise internacional do trabalho do presidente. Tem, sim, muita gente torcendo para a crise atingir a popularidade de Lula. Mas essa é uma crise do mundo, e o Brasil está mais preparado.