Título: Lula pede que população ignore mídia e compre
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 06/12/2008, Economia, p. 43

"É hora de baixar juros, é hora de baixar preços", defende, cobrando esforço de empresários para evitar recessão.

SÃO PAULO e VITÓRIA. Brasileiros, comprem. Esta é a receita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a sugerir ontem para que os efeitos da crise mundial não gerem desemprego no Brasil. Para derrotar a "lógica" pessimista da crise, Lula disse que os consumidores têm de continuar comprando para movimentar a economia e evitar o desemprego. Bem-humorado com o resultado da pesquisa do Instituto Datafolha, que apontou aprovação de 70% ao seu governo, Lula brincou com jornalistas e pediu que eles também passem a comprar mais.

- Se a sociedade brasileira, induzida por parte do noticiário, resolve entender que não deveria comprar as coisas que deveria comprar com medo de perder o emprego, é preciso dizer que ela pode perder o emprego porque não comprou. Esta é a minha tese. É uma lógica simples. Nós precisamos movimentar a economia.

O presidente não perdeu a oportunidade e fez a mesma recomendação aos jornalistas que acompanhavam seu encontro com a ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt:

- Se vocês não estão devendo... Bem, se estão devendo, paguem a dívida de vocês, mas se não estão, comprem as coisas que tiverem que comprar. Comprem a televisão, a geladeira, a roupa.

Lula voltou a esbanjar otimismo, dizendo que o Brasil é o país mais bem preparado para enfrentar a crise. Mas admitiu que as medidas do governo para aumentar o crédito não têm surtido o efeito desejado.

- Acredito, como acredito em Deus, que esta crise é uma grande oportunidade para o Brasil e o mundo. Mas temos um problema de crédito e, entre o governo tomar a medida e o dinheiro chegar na ponta, está demorando mais do que o esperado.

O presidente pediu compreensão a esses problemas e cobrou o esforço dos empresários para que os preços e juros diminuam e evitem uma recessão no país.

- Agora é que nós precisamos da compreensão dos empresários. É hora de baixar juros, é hora de baixar preços. É hora de a gente compreender que cada um tem que fazer o seu sacrifício para que a economia brasileira fique crescendo.

Dilma diz que PAC é remédio contra crise

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem em Vitória que o PAC é um remédio contra a crise internacional.

- O PAC funciona como uma espécie de sustentação do investimento e sustentar o investimento é garantir o emprego. O programa, combinado com os programas sociais e com a manutenção do pré-sal, é elemento anticíclico. Enquanto a crise empurra pra baixo, ele empurra pra cima - disse a ministra durante a 53ª reunião geral da Frente Nacional dos Prefeitos.

A ministra garantiu aos prefeitos e à população que todos os recursos do PAC estão mantidos e, em alguns momentos, até ampliados.

Dilma defendeu que o governo brasileiro está mais preparado para enfrentar a crise que em administrações anteriores.

- O governo quebrava, perdia a capacidade de fazer política monetária, de expandir crédito. E a reação era aumento de juro e corte de investimento. Hoje, estamos em situação diferente, temos todos os instrumentos para agir na crise. Podemos ampliar crédito e tantas outras medidas para garantir que seja uma aterrissagem mais suave (no fim da crise).

COLABOROU: Bruno Dalvi, especial para O GLOBO