Título: Vírus: cinzas serão enviadas à África
Autor: Jansen, Roberta
Fonte: O Globo, 06/12/2008, História, p. 52

Causa da morte ainda não foi determinada; testes excluíram febre amarela.

As cinzas do engenheiro sul-africano William Charles Erasmus, morto no Rio por uma febre hemorrágica de causa desconhecida, serão levadas para seu país de origem por uma companhia internacional de seguros, segundo informou ontem nota do Ministério da Saúde. A data ainda não foi determinada porque a saída das cinzas do Memorial do Carmo, no Caju, onde o corpo foi cremado na quinta-feira, depende de trâmites legais.

O engenheiro morreu na terça-feira, na Clínica São José, no Humaitá. Amostras foram encaminhadas para a Fundação Oswaldo Cruz, que faz testes para determinar a causa da febre. Já foram descartados os diagnósticos para febre amarela, hepatites virais, hantavirose, dengue, malária e ebola. Continuam em investigação as hipóteses de a febre ter sido causada por leptospirose ou por um arenavírus.

O engenheiro foi operado num hospital em Johannesburgo onde houve um surto de febre causada por um arenavírus ainda não identificado e que matou quatro pessoas. Autoridades sanitárias da África do Sul consideram ser pouco provável que se trate do mesmo vírus, mas informaram que amostras do arenavírus se encontram no Centro de Controle de Doenças dos EUA para identificação. Os resultados dos exames da Fiocruz devem ser anunciados no início da próxima semana.

Pelo menos 75 pessoas que poderiam ter tido contato direto com os fluidos do paciente continuam sendo monitoradas. Até agora nenhuma delas apresentou qualquer sintoma da doença, como febre, dores de cabeça, diarréia, vômitos, calafrios, entre outros.

Ontem, o hospital Barra D"Or, por onde Erasmus passou antes de ser internado na São José, divulgou nota oficial informando que os médicos que o atenderam na emergência fizeram o diagnóstico de febre hemorrágica e comunicaram o caso à Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A nota informa ainda que o paciente não foi internado no hospital porque não havia vagas disponíveis. Os 16 profissionais envolvidos no atendimento a Erasmus estão sendo monitorados.