Título: Ministro prioriza drama de prisões e punição a tortura
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 07/12/2008, O País, p. 10

Idosos são vítimas dos próprios parentes no interior do Brasil.

O ministro Paulo Vannuchi, titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos, ao fazer um balanço sobre os direitos humanos no país, listou uma série de problemas que considera prioritários. O drama das prisões, com destaque para a de Urso Branco, em Porto Velho (RO), a luta pela punição dos responsáveis pela tortura nos anos do regime militar, a falta de políticas públicas para os jovens - não apenas para o enfrentamento da violência, que os transforma nas maiores vítimas - e a falta de infra-estrutura urbana para portadores de limitações físicas foram alguns dos temas da agenda do ministro.

Na lista oficial do ministério só havia um ponto que apontava para o seio familiar: Vannuchi se mostrou preocupado com as violações praticadas contra idosos favorecidos pelo Funrural pelos próprios parentes, no interior do Brasil.

- Como eles têm fonte de renda segura e permanente, muitas vezes são agredidos pelos próprios filhos, que tomam este dinheiro - lamenta o ministro.

Homens são agredidos na rua; mulheres, em casa

Pesquisa recentemente divulgada pelo IBGE revelou que, na faixa dos 20 aos 24 anos, os homens têm quatro vezes mais chance de morrer por causas externas (homicídios, acidentes de trânsito, quedas, etc) do que as mulheres. Leila Linhares, da Cepia, alerta, porém, que outra pesquisa do mesmo instituto demonstrou que a maioria das agressões, em geral (não apenas as que resultam em óbitos) contra jovens do sexo masculino, ocorre em espaço público, enquanto a violência contra mulheres acontece dentro de casa.

A ativista cita ainda uma terceira pesquisa, desta vez feita pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, mostrando que, se os homens jovens são as principais vítimas de homicídios no estado, as mulheres os superam como vítimas de agressões.

- Uma maneira de responder é que grande parte das agressões ocorre no espaço doméstico familiar, inclusive agressões sexuais (contra meninas e adolescentes). Não é necessariamente o tarado. É alguém da família ou vizinho. Na família, os maiores violadores são o pai biológico ou padrasto - afirma Leila.