Título: FGV: alimentos fazem IGP-DI cair de 1,09% para 0,07% em novembro
Autor: Rego, Nida
Fonte: O Globo, 09/12/2008, Economia, p. 24

Apesar da desaceleração, analistas dizem que câmbio ainda é ameaça.

O preço dos alimentos no atacado recuou em novembro, fazendo com que o Índice Geral de Preços ? Disponibilidade Interna (IGP-DI) ficasse bem abaixo das expectativas do mercado. No mês, a taxa variou 0,07%, ante alta de 1,09% em outubro. No ano, a inflação acumula 9,58% e, em 12 meses, 11,20%. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Analistas acrescentam, contudo, que o câmbio ainda pode favorecer uma alta da inflação nos próximos meses. O recuo da inflação deve ser analisado para decidir o futuro das taxas de juros hoje pelo Banco Central.

No atacado, os preços ficaram 0,17% menores mês passado, após taxa de 1,36%. Pesou nessa variação o comportamento dos alimentos processados, com deflação de 0,55% em novembro. Os produtos agropecuários, por sua vez, recuaram 0,64%. Registraram fortes retrações nos preços itens como feijão (-21,45%), arroz (-6,59%) e adubos e fertilizantes (-8,56%).

- Os produtos agrícolas mostraram queda, como já era esperado. E a forte desaceleração dos produtos industriais pode ser resultado da queda dos preços das commodities. Minerais e derivados do petróleo tiveram forte contribuição para a desaceleração do índice - disse João Philippe Bragança, economista da Paraty Investimento, lembrando que os preços dos produtos industriais não registraram variação em novembro, após alta de 1,86% no mês anterior.

Desacelerações no atacado chegarão em breve ao varejo

No varejo, a inflação subiu para o consumidor, de 0,47% para 0,56%. Foi o grupo dos alimentos que puxou essa aceleração, com destaques para hortaliças e legumes (0,85%), laticínios (1,04%) e bebidas não-alcoólicas (0,59%).

- O freio nos preços no atacado deve chegar em algum momento no varejo. Porém, o câmbio pode fazer a inflação subir. Ainda há esse risco - afirmou Gilberto Braga, professor do Ibmec.

O economista da Paraty tem a mesma opinião. Para ele, o resultado do atacado na indústria continua mostrando cenário bom para inflação, apesar da forte alta do dólar. Mas não descarta novas altas nos próximos meses devido ao câmbio.

- Para o IPCA fechado do ano, esperamos 6,2%. Para o IGP-DI, 10,2%.