Título: Maioria dos analistas espera manutenção da Selic
Autor: Rego, Nida
Fonte: O Globo, 09/12/2008, Economia, p. 24

Mas, afirmam, indicadores permitiriam queda.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. É quase unânime a aposta de que o Comitê de Política Monetária (Copom) não mexerá na Taxa Selic amanhã, mantendo-a no mais alto patamar entre os juros no mundo, a 13,75% ao ano. Apesar de existirem vários indicadores que justificam a queda dos juros no Brasil - como defendem governo, setor produtivo, trabalhadores e alguns economistas -, a maioria dos analistas acredita que a alta instabilidade do câmbio manterá o Banco Central (BC) conservador. O risco principal é o impacto da escalada do dólar sobre uma inflação já muito acima do centro da meta.

A economista-chefe do ING, Zeina Latif, explica que os produtos que estão sendo vendidos agora são fruto do estoque antigo, formado com o dólar em um patamar muito mais baixo. Porém, esse estoque está acabando.

- E, daqui a pouco, os empresários vão ter de recompor esses estoques com o dólar muito maior - afirmou ela, acrescentando que o BC poderá voltar a cortar juros antes do esperado em 2009 e levá-los a 13% ao ano.

Segundo analistas, mesmo que houvesse um corte de 0,25 ponto agora - como prevêem alguns poucos economistas -, o crédito não seria desatado de fato porque, neste momento, não é a Selic que o encarece, mas sim os spreads bancários (diferença entre o custo de captação e o cobrado do tomador final). Ou seja, são os bancos que estão tornando os empréstimos mais caros alegando que o risco cresceu.

Um dos mais próximos conselheiros do presidente Lula, o ex-ministro da Fazenda Delfim Neto afirmou ontem que a queda da Selic será fundamental para manter a expectativa positiva do setor produtivo para a economia a médio e longo prazos.

- Espero que o Banco Central tenha um ataque de lucidez e baixe a taxa de juros em 0,25 ponto percentual - afirmou Delfim.

(*) Enviada especial