Título: Esforço para sair da crise
Autor: Colon, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2009, Política, p. 02

Num gesto político para amenizar a crise interna, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), convocou senadores peemedebistas e de outros partidos para anunciar a auditoria da Fundação Getúlio Vargas (FGV) na gestão administrativa da Casa. Com pompa, a divulgação do acordo foi antecipada para ontem com o objetivo de conter a onda de denúncias depois das recentes quedas do diretor-geral, Agaciel Maia, e do de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi. Sarney quer encerrar a disputa interna e acelerar o início dos trabalhos legislativos, emperrados desde sua eleição em 2 de fevereiro. ¿Não é do meu temperamento ser a palmatória do mundo, fazer as coisas de uma maneira ostensiva. Mas fazer as coisas certas no momento devido¿, justificou.

Mas, por enquanto, a atuação da FGV no Senado é muito mais promessa do que prática. Foi assinado apenas um protocolo de intenções, sem prazo nem valor estipulado para a prestação do serviço à Casa Legislativa. O senador tentou minimizar a relação do anúncio do convênio com a crise interna. ¿O que reconheço é que estamos buscando eficiência¿, afirmou, garantindo que a FGV terá carta branca para agir na Casa. O coordenador da fundação Bianor Scelga Cavalcanti disse ontem que a previsão inicial dos trabalhos é de seis meses. ¿Não nos cabe fazer uma auditoria financeira, mas sim administrativa, incluindo custos de economicidade e benefícios para a instituição¿, explicou.

Diretores O senador anunciou ainda que pretende reduzir pela metade os cargos de diretoria, hoje estimados em 181, incluindo chefes de secretarias e subsecretarias. ¿Esperamos chegar a cortar 50% das diretorias. E vamos ver o que foi feito de errado para corrigir¿, afirmou. Se isso ocorrer, serão pelo menos 68 diretores, uma média de oito para cada 10 senadores.

Na noite de segunda-feira, Sarney pediu aos diretores que colocassem os respectivos cargos à disposição. A informação inicialmente passada, de 131 chefes, aumentou ontem para 181. O número assustou o próprio senador. Segundo ele, porém, nenhum será exonerado imediatamente. A decisão é de analisar caso a caso e definir quem fica ou sai do posto de direção. ¿Vamos ter, entre outras coisas, uma seleção pelo mérito. Ocupar as diretorias também numa seleção pelo mérito¿, disse. ¿Estamos tentando definir qual a função de cada diretor, uma vez que alguns estão no cargo em virtude da função gratificada, mas não exercem qualquer função de direção¿, disse o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), senador responsável pela parte administrativa da Casa.

A atitude do presidente do Senado abre uma guerra interna entre os servidores. Diretores ligados à gráfica, engenharia e setores menos relacionados à atividade legislativa pressionam para não perderem os cargos. Por outro lado, funcionários de olho nessas vagas pedem o apoio de senadores para ocuparem as cadeiras. A novela, ao que tudo indica, promete novos capítulos.