Título: Ajudas às montadoras emperra no Congresso
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Fonte: O Globo, 10/12/2008, Economia, p. 31

Socorro de US$15 bi estava para ser fechado. Nos EUA, Paul Volcker é o mais cotado para ser o `czar dos veículos¿.

Da Bloomberg News*

WASHINGTON e NOVA YORK. A discussão dos US$15 bilhões em ajuda às montadoras General Motors (GM), Ford e Chrysler estava parada ontem à noite no Congresso americano, em meio a um impasse sobre se deveria ser exigido que as empresas desistissem de ações contra regras ambientais. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, manifestou-se contra a concessão de ajuda às montadoras sem o apoio do Congresso e sugeriu alternativas, como a concordata.

¿O Federal Reserve estaria extremamente relutante a estender o crédito onde o Congresso considerou a concessão de ajuda mas, depois de análise, decidiu não agir¿, disse Bernanke, em nota, ao presidente da Comissão de Bancos no Senado, Christopher Dodd.

Líder democrata prevê discussões no fim de semana

Um dos pontos do projeto de lei em discussão prevê que as montadoras sejam obrigadas a desistirem de ações contra os estados que aprovaram limites para a emissão de gases poluentes acima do estabelecido pelo governo federal. Para os republicanos, isso é uma intromissão na indústria automotiva ¿ e a aprovação do pacote depende deles.

O líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, disse que os parlamentares podem estender as sessões pelo fim de semana para discutir o pacote:

¿ Todos precisam entender que vamos trabalhar até o fim.

Os democratas sugeriram, na segunda-feira, a nomeação de um ¿czar¿ para supervisionar a reestruturação da indústria automobilística. Segundo a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, o ex-presidente do Fed Paul Volcker ¿ recentemente escolhido como chefe do painel de conselheiros econômicos de Barack Obama ¿ seria o czar perfeito. Já os republicanos dizem temer que as montadoras voltem a pedir dinheiro.

¿ Devemos exigir que a direção (das montadoras) faça as escolhas difíceis e necessárias para garantir a viabilidade a longo prazo ¿ disse o líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell.

A porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, afirmou que não haverá crédito se as montadoras não provarem sua viabilidade a longo prazo.

A proposta dos democratas proíbe que as montadoras paguem dividendos e tenham jatos executivos. Elas também teriam de limitar o pagamento de salário e bônus aos diretores.

Caso aprovada, o governo americano pode acabar detendo participações nas Três Grandes. O texto prevê que o Tesouro obtenha bônus de subscrição de 20% do valor total do empréstimo. No caso da GM, que quer até US$10 bilhões e tem valor de mercado de US$3 bilhões, o Estado se tornaria o maior acionista.

(*) Com agências internacionais