Título: Presidente do TJ-ES é afastado do cargo
Autor: Carvalho, Jailton de; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 12/12/2008, O País, p. 11

Funcionários envolvidos são exonerados.

VITÓRIA. Por unanimidade, o pleno do Tribunal de Justiça capixaba afastou o presidente da Corte. O desembargador Frederico Guilherme Pimentel, preso na terça-feira pela Polícia Federal, é acusado de participar de um esquema de venda de sentenças. Outras seis pessoas ligadas à cúpula da Justiça também foram detidas. A reunião dos desembargadores para decidir pelo afastamento de Pimentel durou mais de duas horas e meia e aconteceu a portas fechadas.

O TJ também decidiu afastar das funções o juiz Frederico Luís Schaider Pimentel, filho do presidente afastado, e que também está preso. Os desembargadores pedem ainda a instauração de um inquérito administrativo para avaliar a conduta do juiz.

- Esses afastamentos são cautelares, provisórios, até que esses processos corram e cheguem ao seu desfecho, por um ou por outro resultado. Não significa perda de cargo - disse o presidente em exercício do TJ, desembargador Álvaro Bourguigon.

Na mesma reunião os desembargadores decidiram exonerar os funcionários comissionados acusados de envolvimento no escândalo e prometeram aprimorar o setor de distribuição processual do TJ, que foi alvo da operação e estaria no centro do esquema de venda de sentenças. A partir de agora, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vão participar da distribuição de processos. Já o concurso para o cargo de juiz substituto deve ser integralmente terceirizado. As investigações do esquema começaram no ano passado e apontam que o tribunal foi usado para negócios em família e entre amigos. O inquérito afirma que há um "balcão de negócios" na corte.

- Essa é uma linguagem exacerbada, que coloca numa mesma vala todas as pessoas sem fazer a necessária diferenciação. Não significa rigorosamente a contaminação nem de toda a categoria e nem da maioria - disse o presidente em exercício do TJ.

Segundo o Ministério Público Federal, o pagamento em dinheiro para que desembargadores favorecessem determinados grupos era uma entre outras fontes de renda dos envolvidos no esquema. Segundo os investigadores, a família do presidente do TJ tinha interesse na criação de cartórios para obter lucros.