Título: Automóveis populares vão ficar mais baratos
Autor: Doca, Geralda; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 12/12/2008, Economia, p. 31

Redução de IPI não está ligada à manutenção do emprego. Fenabrave acha que medida pode não ser suficiente.

BRASÍLIA e RIO. A redução a zero da alíquota de 7% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre veículos populares, que começa a vigorar hoje, pode significar uma economia em torno de R$1.500 para o consumidor que comprar um carro 1.0 de R$25 mil. O cálculo é da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A estimativa leva em consideração que cada ponto percentual de corte no tributo representa 0,8 e 0,9 ponto no preço ao consumidor. Com isso, o valor final de um carro de R$25 mil ficará entre R$23.425 e R$23.600, caso o benefício seja repassado.

O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, garantiu que as montadoras se comprometeram a transferir os ganhos ao consumidor. Ele e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reuniram ontem com representantes do setor em Brasília, antes do anúncio oficial das medidas. O governo não exigiu a contrapartida de não haver demissões.

- Na reunião que tivemos com representantes das montadoras, eles assumiram o compromisso firme de transferir para o preço ao consumidor essas reduções de impostos - afirmou o ministro, que, ao ser perguntado sobre o que aconteceria se os preços não caíssem, disse: - Chamaremos as montadoras para rediscutir o assunto.

Como destina-se a desovar os estoques das montadoras, a medida valerá só até 31 de março do próximo ano. Os veículos de 1.1 a 2.0 terão a alíquota reduzida de 13% a 6,5%, no caso dos veículos movidos a gasolina, e de 11% para 5,5%, no caso dos veículos a álcool ou flex. Acima de 2.0, a alíquota de 25% fica mantida.

Vendas de automóveis devem cair 19% em 2009

Para Sérgio Reze, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as medidas vão contribuir para a redução dos preços. Ele lembrou que a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 3% para 1,5% também tornará os financiamentos mais baratos. Mas disse acreditar que as medidas podem não ser suficientes para recuperar as vendas:

- A queda nas vendas não ocorreu apenas por um problema de preço, até porque as concessionárias e montadoras estão oferecendo promoções e descontos. Existe um problema de baixa confiança dos consumidores. Precisamos expurgar a palavra "crise" da opinião deles.

Ontem de manhã, antes do anúncio das medidas, a Fenabrave divulgou novas projeções de vendas para o próximo ano. Pelas estimativas revisadas, devem ser comercializados 2,155 milhões de veículos no país em 2009, 19% a menos que os 2,661 milhões previstos para este ano. Se confirmada a projeção, haverá um crescimento de 13% sobre as vendas de 2007, abaixo do aumento de 20% previsto pela entidade no início do ano.

- Vamos manter as projeções para o próximo ano até que as medidas comecem a ser implementadas - disse Reze.