Título: Bovespa sobe 2,22% com indicação de que Bush socorrerá montadoras
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 13/12/2008, Economia, p. 44

Bolsa de NY fecha em alta de 0,75%. Dólar avança 0,9%, para R$2,366.

RIO, NOVA YORK e LONDRES. Diante da instabilidade dos mercados externos, como reflexo da rejeição do pacote de ajuda às montadoras no Senado americano, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operou ontem com forte volatilidade. O Ibovespa, seu principal índice, chegou a cair 3,90% dez minutos após a abertura. Mas se recuperou com a indicação do presidente dos EUA, George W. Bush, de que poderá ajuda o setor automobilístico. O indicador fechou na valorização máxima do pregão, em alta de 2,22%, aos 39.373 pontos. Na Bolsa de Nova York, o Dow Jones também fechou no azul, com alta de 0,75%. O dólar subiu 0,90%, para R$2,366.

Na semana, o Ibovespa acumulou alta de 11,39%. Entre os destaques de ontem estiveram ações ordinárias (ON) da Embraer, com alta de 7,79%. A empresa entregou ontem um jato modelo 195 para a Azul Linhas Aéreas, e o contrato prevê 36 pedidos firmes e possibilidades de venda de mais 40 aeronaves.

Segundo o analista da Lopes Filho & Associados, Leonel Pitta, as ações de empresas ligadas ao varejo também subiram.

- Elas estão sendo positivamente influenciadas pelo plano de incentivo ao consumo divulgado pelo governo. Além disso, elas tendem a ser beneficiadas com a esperada redução de juros, sinalizada pelo Banco Central - explicou.

Os papéis preferenciais das Lojas Americanas, por exemplo, subiram 6,91%.

Sem acordo, Aracruz pode vender unidade de produção

Já as ações da Aracruz subiram 1,60%, embora a empresa não tenha chegado a um acordo para pagar uma dívida de US$2,13 bilhões feita com derivativos de câmbio com credores, segundo comunicado divulgado ontem. Desde o anúncio das perdas, em setembro, os papéis perderam mais de 77%.

Analistas alertam para o risco do investimento:

- Por mais que o dólar tenha dado uma aliviada, continua em patamares elevados. A novela das negociações continua - disse um especialista.

A empresa vem tentando conseguir mais prazo para pagar os débitos. Segundo analistas, se não chegar a um acordo, uma das saídas seria vender uma das três unidades de produção. Na Bahia, sua sócia na Veracel, a sueco-finlandesa Stora Enso, vem tentando levar sua parte. O preço estaria avaliado em US$1,3 bilhão, segundo um analista.

- Mas esse cenário não deve se concretizar porque não seria bom para ela nem para os bancos chegar a esse nível de estresse - diz.

Além de ser mais nova e ter um custo mais baixo, a Veracel corresponde a 16% da capacidade de produção da empresa.

BC vende apenas US$70 milhões à vista

Nos EUA, o dia também foi de oscilação, com notícias positivas e negativas. A queda de 1,8% das vendas no varejo em novembro fez as bolsas caírem. Mas o recuo de 2,2% da inflação ao produtor no mesmo mês, a melhora inesperada da confiança do consumidor e, sobretudo, a sinalização da Casa Branca de que vai ajudar as montadoras ajudaram a melhorar o humor do mercado. A Nasdaq subiu 2,18% e o S&P, 0,7%. Europa e Ásia, porém, fecharam em queda. Londres caiu 2,47%, Paris recuou 2,80% e Frankfurt, 2,18%. Tóquio despencou 5,56%, e Hong Kong, 5,48%, ainda refletindo a recusa do Senado americano em aprovar o pacote.

No mercado de câmbio brasileiro, o volume de negócios foi baixo, de US$1,448 bilhão. O Banco Central chegou a vender US$70 milhões em moeda no mercado à vista ontem, a R$2,357, mas não reverteu a alta. No acumulado da semana, a moeda recuou 4,55%.

- É uma véspera de semana como há muito tempo a gente não tinha. Acho que o pessoal já está se preparando para o fim do ano e fechando as gavetas - disse Alexandre Solito, gerente de câmbio do Banco Paulista Socopa.

O analista de câmbio da Liquidez, Mário Paiva, observou que as posições compradas de investidores estrangeiros, que apostam na alta da moeda na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), estão se reduzindo.

- No início dos negócios, essas posições somavam US$10,9 bilhões. No dia anterior, eram de US$11,934 bilhões. Isso é um bom sinal - disse, referindo-se à pressão que as oscilações na BM&F vinham exercendo no mercado à vista.

(*) Com agências internacionais