Título: Pacote beneficiará Vale e Petrobras
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 13/12/2008, Economia, p. 47
Grandes exportadoras têm mais chance de obter crédito com recursos das reservas.
BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. As grandes exportadoras nacionais, como Petrobras e Vale, são as principais candidatas ao uso da linha especial de empréstimo com recursos das reservas internacionais anunciada pelo governo na quinta-feira. As companhias de grande porte respondem pela maior parte das dívidas externas. Hoje, segundo o Banco Central (BC), os passivos externos de médio e longo prazos que vencem até o fim de 2009 somam US$28,016 bilhões. Só do setor privado, são US$22,626 bilhões.
- As empresas que têm mais negócios no exterior são as que devem usar a nova linha - disse o economista-chefe do banco Schahin, Sílvio Campos Neto.
Como parte do pacote anunciado pelo governo, foi criada uma linha de empréstimos usando os recursos das reservas internacionais do país, hoje pouco acima dos US$200 bilhões, administradas pelo Banco Central (BC). Desse total, poderão ser usados até US$20 bilhões (10% do volume), e os financiamentos serão feitos por meio de instituições financeiras. O mecanismo é o seguinte: a empresa que precisar rolar sua dívida no exterior pode recorrer a um banco que, por sua vez, receberá o valor do BC.
As operações deverão ser realizadas a conta-gotas, uma vez que os vencimentos são bastante diluídos ao longo do ano. O mês de maior concentração é junho, com pouco mais de US$4 bilhões. No BC, a avaliação é que o risco de calote é muito baixo, uma vez que os bancos que participarem das transações são aqueles já autorizados a atuar no mercado de câmbio e com risco mínimo "AA" (muito baixo).
Os empréstimos serão usados como garantia. Por exemplo, caso a empresa não honre o pagamento, o banco terá de repor as reservas ao BC de qualquer forma. Se o banco falhar, os pagamentos dos empréstimos das empresas serão feitos ao próprio BC. Além disso, o fato de apenas instituições financeiras e empresas com boa classificação de risco serem as que possivelmente vão usar a linha reduz bastante as chances de inadimplência.
Petrobras obtém US$750 bi de bancos japoneses
Em plena retração mundial de crédito, a Petrobras anunciou ontem que captou junto a bancos japoneses e à agência de fomento à exportação daquele país, Nexi, cerca de US$750 milhões (R$1,78 bilhão). Em comunicado, a empresa informou que a operação tem prazo de dez anos e se destina a financiar a refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), para aumentar sua capacidade de processamento de óleo pesado, melhorar a qualidade do diesel e da gasolina produzidos na unidade, e diversificar a produção na planta.
- É a última (captação) deste ano. Já é "pré-funding" para 2009 - disse o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa. - Vamos terminar o ano com US$8 bilhões e pouco captados.
A Petrobras disse, no início da semana, que até aquela data havia captado US$7,5 bilhões (R$17,7 bilhões) ao longo do ano. Com o novo empréstimo, o volume de recursos obtidos sobe para US$8,25 bilhões (R$19,53 bilhões), em grande parte junto a agências de fomento. Barbassa explicou que o mercado está fechado para outros instrumentos de captação, como debêntures, por exemplo. A Petrobras tem registro pré-aprovado pela Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão regulador do mercado de capitais dos EUA) para emitir debêntures.
No próximo dia 19, o Conselho de Administração da Petrobras se reúne para aprovar os planos de investimentos da companhia para os próximos cinco anos. No plano anterior, para o período 2008-2012, a previsão de investimentos era de US$112,4 bilhões. Segundo executivos da companhia, não haverá redução de recursos.
(*) Com agências internacionais