Título: Países vizinhos elogiam decisão de Rafael Correa
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 13/12/2008, Economia, p. 51

Dívida em bônus é de US$3,8 bi. Equador aponta irregularidades.

BUENOS AIRES. A iniciativa do Equador de suspender o pagamento de bônus foi elogiada por outros governos da região, entre eles o do presidente paraguaio, Fernando Lugo, que anteontem negociou com o Brasil a realização de uma auditoria sobre a dívida de Itaipu, estimada em US$19,6 bilhões.

Em novembro, o presidente do Equador, Rafael Correa, confirmou sua intenção de impugnar grande parte da dívida pública de seu país. Segundo membros da comissão que auditou a dívida equatoriana, foram detectadas graves irregularidades, que comprometem ex-funcionários do Ministério de Finanças, do Banco Central e até diplomatas que, no ano 2000, quando foram emitidos os bônus Global (numa operação de troca pelos bônus Brady Par, de Desconto, PDI e IE), atuavam no consulado do Equador em Nova York.

O país tem US$3,8 bilhões em bônus Global, com vencimentos em 2012, 2015 e 2030, que equivalem a 39% do total da dívida pública externa equatoriana (estimada em US$9,937 bilhões, o que representa 19% do PIB). Segundo fontes do governo Correa, "vários ex-funcionários do país poderiam terminar presos pelas irregularidades cometidas". O banco Salomon Smith Barney, principal agente administrador da dívida cujo pagamento será suspenso, também estaria na mira de Correa.

Segundo uma fonte equatoriana, o convênio que regula a emissão dos bônus Global viola a Constituição do país porque esse tipo de contrato deve passar pelo procurador do Estado, o que nunca aconteceu. Outra irregularidade seria ter emitido os bônus antes da autorização do então presidente, Gustavo Noboa, ter sido publicada no diário oficial equatoriano. (Janaína Figueiredo, com agências internacionais)

MINISTRA DO EXTERIOR DO EQUADOR ENTREGA CARTA DE DEMISSÃO, na página 53