Título: Equador anuncia calote de US$61 milhões
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 13/12/2008, Economia, p. 51

Pagamento do bônus Global 2012 venceria segunda-feira. Esta será a terceira moratória do país em 14 anos.

BUENOS AIRES e QUITO. O presidente do Equador, Rafael Correa, confirmou ontem a decisão de seu governo de suspender o pagamento de US$30,6 milhões dos juros dos bônus Global 2012, com vencimento na próxima segunda-feira, que deveriam ter sido depositados ontem em um banco de Nova York. O país também deveria ter depositado US$30,4 milhões referentes ao Global 2015. O total do calote chega a US$61 milhões.

Em visita à cidade de Guayaquil, Correa assegurou estar disposto a assumir a responsabilidade por eventuais processos judiciais de credores do Equador. Ele afirmou, ainda, que pretende apresentar um plano de reestruturação da dívida considerada legítima por seu governo.

- Dei a ordem de que não se paguem esses juros, portanto o país está em default (calote) de sua dívida externa - declarou o presidente à imprensa local.

Correa disse que "ainda estamos estudando com advogados nacionais e internacionais as estratégias jurídicas para impugnar uma dívida ilegal e ilegítima". O governo, que estaria analisando a possibilidade de abrir um processo em tribunais americanos (já que o convênio de emissão dos papéis determina que o país deve submeter-se à Justiça dos EUA), está sendo assessorado pelo escritório de advocacia Foley Hoag, um dos mais importantes dos EUA.

- A dívida toda não é ilegal, mas grande parte é - enfatizou o presidente equatoriano, economista que, antes de chegar ao Palácio Carondelet (sede do Poder Executivo), foi ministro de Economia e Finanças do governo de Alfredo Palacio.

A medida fora antecipada pela ministra de Finanças do país, María Elsa Viteri, que afirmou quinta-feira passada, em Washington, que o país estava "buscando os mecanismos para não fazer o pagamento dessa dívida comercial". Ela definiu a iniciativa como "uma moratória responsável".

Este será o terceiro calote dado pelo Equador em 14 anos. Essa decisão era esperada pelo mercado financeiro, já que a dívida equatoriana começou a ser auditada em outubro de 2007. Foi criada uma comissão integrada por especialistas de vários países, entre eles a brasileira Maria Lúcia Fatorelli Carneiro, funcionária da Receita Federal.