Título: Droga chegou a Alagoas há cinco anos
Autor: Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 14/12/2008, O País, p. 3

MACEIÓ. Era início da noite do dia 6 de dezembro, em Matriz de Camaragibe, a 25 quilômetros de Maceió, quando Rafael Cícero Santana da Silva, de 18 anos, foi morto a facadas e garrafadas, em frente à Igreja Santa Luzia. Era viciado em crack. A morte aconteceu no início das festas de Santa Luzia, padroeira da cidade. A igreja decretou luto de três dias, uma forma de protesto silencioso. A cada mês, na pequena cidade de 25 mil habitantes, cercada pela droga e pela prostituição por todos os lados, um corpo aparece estendido no chão.

No final da manhã do dia 4 de dezembro, na delegacia do 2º Distrito, em Maceió, um jovem, de 20 anos, foi preso pela terceira vez. É outro viciado em crack. A mãe, a dona-de-casa Adriana Maria da Silva, mora no Jacintinho, onde a incidência de drogas é a maior em Maceió e o número de mortos na guerra do tráfico deixa mais corpos estendidos no chão.

¿ Não sei o que fazer. Será que o juiz transfere da delegacia para uma clínica de tratamento? ¿ ela pergunta, mas nenhum policial dá atenção. ¿ Meu filho vai morrer, eu sei, estou tentando salvá-lo ¿ completa, desesperada.

Em Alagoas, o crack ou a ¿nóia¿, como é conhecida, é uma novidade. De acordo com a Polícia Federal, a droga entrou na capital há cerca de cinco anos, e o consumo é cada vez mais descontrolado.

¿ É um apelo que fazemos: mais família, mais educação, mais compreensão ¿ diz o chefe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado, Joacyr Avelino.