Título: Disputa voto a voto no PT
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 16/12/2008, O País, p. 4

Grupos de Dirceu e Tarso se opõem em eleição para líder.

BRASÍLIA. Dois grupos que se estranham internamente no PT desde o escândalo do mensalão estão novamente em campos opostos na disputa pela liderança do partido na Câmara. Polarizam a disputa dois paulistas: Cândido Vacarezza, com o apoio do ex-ministro José Dirceu, e Paulo Teixeira, da corrente do ministro da Justiça, Tarso Genro. Embolando o meio de campo estão Fernando Ferro (PE), do Movimento PT, e Iriny Lopes (ES), da Articulação de Esquerda. O acirramento poderá levar a uma disputa voto a voto, o que só ocorreu no início dos anos 90, quando Dirceu disputou o cargo com Vladimir Palmeira (RJ) e perdeu por um voto.

Na tentativa de evitar o confronto, a bancada tem encontro hoje à noite. A idéia é negociar todos os cargos que deverão ser ocupados por petistas em 2009: duas vagas na Mesa Diretora, três comissões, relatoria do Orçamento da União e da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Vacarezza, do grupo da ex-ministra Marta Suplicy, segundo o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), tem o apoio da maioria, especialmente no antigo Campo Majoritário. Nos bastidores, os adversários enfatizam seus aliados: além de Dirceu, os deputados João Paulo Cunha (SP) e Paulo Rocha (PA), réus do mensalão.

- Se ficarem remoendo o passado, com a história dos puros e os impuros, vão ficar isolados. Se quiserem conversar, apoiamos Vacarezza e queremos, num acordo, compor comissões, cargos na Mesa. Se não, vamos a voto, mas para todos os cargos - avisa Devanir.

Teixeira contesta os cálculos e diz ter o apoio da maioria. Ele conta com deputados que, como Tarso, criticaram a atitude de colegas no mensalão e cobraram a refundação do PT:

- Vou manter minha candidatura até o final. Não quero buscar o passado. Serei líder dos 84, não tenho abordagem dessa natureza, nunca dividi o mundo assim.

Ferro tem como trunfo quatro mandatos e o fato de ter defendido o PT, como vice-líder, à época do mensalão, mas admite negociar.