Título: Pesquisas: Lula volta a bater recordes de popularidade
Autor: Vizeu, Rodrigo
Fonte: O Globo, 16/12/2008, O País, p. 9

Segundo Sensus, 47,8% não conhecem Dilma Rousseff.

BRASÍLIA. O governo Lula voltou a bater recordes de avaliação positiva, segundo pesquisas do Ibope e do Sensus divulgadas ontem pelas Confederações Nacionais da Indústria (CNI) e do Transporte (CNT). Na primeira, 73% consideraram o governo ótimo ou bom, contra 20% de avaliação regular e 6% de ruim ou péssima. No Sensus, o governo registrou 71,1% de avaliação positiva. Lula se sai ainda melhor na avaliação pessoal, com 84% de aprovação no Ibope e 80,3% no Sensus. É o melhor resultado desde a redemocratização, em 1985.

Apesar da popularidade, Lula está longe de emplacar o nome de sua candidata à sucessão presidencial em 2010, a ministra Dilma Rousseff. E amarga ver os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) na liderança de todos os cenários da pesquisa CNT/Sensus. Mesmo com a constante exposição e as declarações de apoio de Lula, Dilma não registrou crescimento entre setembro e dezembro.

Ministra fica atrás de Heloísa Helena e de Ciro Gomes

Quando Serra é o candidato, Dilma tem 10,4% dos votos, atrás do governador, com 46,5%, e da ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), com 12,5%. Com Aécio, o PSDB mantém a liderança, com 25,3%, seguido de Heloísa (19,1%) e Dilma (12,9%) - mesmo cenário verificado há três meses. Em setembro, numa disputa com Dilma, Heloísa e com o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), Aécio era o segundo, com 18,2%. Ciro tinha 24,9%.

O Sensus mostrou que 47,8% não conhecem ou nunca ouviram falar de Dilma, mas ela pode se beneficiar do poder de transferência de votos: 44,8% se mostram simpáticos à idéia de votar numa indicação do presidente, sendo que, desses, 15,6% votariam unicamente no nome apoiado por Lula.

Os números do Sensus foram colhidos entre 8 e 12 de dezembro em 136 municípios de 24 estados. Foram ouvidas 2.000 pessoas, e a margem de erro é de três pontos percentuais. Já o Ibope foi às ruas de 5 a 8 de dezembro e fez 2.002 entrevistas em 141 municípios, com margem de erro de dois pontos.

Na abertura da Conferência Nacional dos Direitos Humanos, Lula fez referência indireta às pesquisas, ao incentivar ministros a cobrarem do presidente:

- Foi assim que aprendi a fazer política: protestando, criticando, às vezes até sendo chamado de radical. Mas é esse radicalismo, no exercício da democracia, que permite que um governante não fique olhando apenas para o próprio umbigo, porque se 80% acham que está bom...

Segundo a pesquisa Ibope, 84% dos brasileiros consideram a crise financeira internacional grave ou muito grave, mas para 56% o país será pouco ou nada prejudicado. Outros 37% acham que o Brasil será muito prejudicado. Já 61% dizem ainda não sentir os efeitos da crise. Para 44% dos entrevistados, o Brasil está mais preparado para o problema. Mas a maioria tem perspectivas negativas em relação à inflação, ao desemprego e à própria renda em 2009. A avaliação de que a inflação "vai aumentar ou aumentar muito" cresceu de 55% em setembro para 67% em dezembro. Foi de 40% para 63% o número de pessoas que apostam no aumento do desemprego.