Título: Clima é de insatisfação e apreensão
Autor: Pires, Luciano
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2009, Economia, p. 17

Apesar dos sinais contraditórios e de o governo não ter batido o martelo em relação a nenhuma das possibilidades que discute internamente, os sindicalistas deixaram a reunião com o ministro Paulo Bernardo otimistas. O Correio consultou seis das 15 representações sindicais que participaram do encontro e o sentimento desse grupo foi de ¿alívio¿. ¿Sentimos que há disposição em cumprir os acordos. Vamos esperar para ver o que acontece, mas acredito que pelo menos a parcela de julho está assegurada¿, disse um sindicalista. ¿O governo expôs seus motivos e nós, os nossos. Agora é esperar¿, completou outro representante dos servidores.

As categorias que têm maior peso político e representam as carreiras típicas de Estado tiveram impressões positivas do encontro. A postura assumida pelo governo, de acordo com a avaliação da maioria dessas entidades, foi de cautela. ¿Eles não têm como garantir nada, mas também não vão anunciar uma notícia ruim sem saber ao certo se ela vai se concretizar¿, completou um servidor que esteve na reunião no Ministério do Planejamento.

De forma tímida, algumas entidades informaram ao ministro Paulo Bernardo que o clima de apreensão e insatisfação é grande nas bases e que por isso uma série de greves poderão pipocar ao longo dos próximos meses, caso os reajustes sejam adiados. A maioria delas, porém, reconheceu a dificuldade de organizar os servidores. Outras admitiram que o enfrentamento passaria para a sociedade a imagem de que o funcionalismo ignora a crise e age única e exclusivamente motivado pelo ganho salarial.

Em uma semana marcada por protestos na Esplanada dos Ministérios, categorias que desempenham funções medianas dentro da máquina pública pretendem discutir propostas de mobilizações como forma de ter ¿cartas na manga¿ contra o governo. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que tem entre seus filiados a maior parte das entidades que representam a base do Executivo federal, prepara uma plenária nacional para debater que saídas serão adotadas se crise econômica prejudicar o calendário de pagamentos dos reajustes assinados com o Ministério do Planejamento em 2008. (LP)