Título: Lula: sou propagandista do consumo
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 16/12/2008, Economia, p. 24

Presidente afirma que economia é uma roda-gigante que não pode parar.

BRASÍLIA, SÃO PAULO e SALVADOR. Em três momentos distintos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma avaliação positiva do impacto das medidas adotadas pelo governo, na semana passada, para enfrentar a crise. No programa "Café com o presidente", Lula disse que o pacote de redução de impostos vai diminuir preços e taxas de juros. Mais tarde, na reunião de coordenação de governo, ele avaliou que as iniciativas do governo terão efeito positivo no espírito dos consumidores e nas ações das empresas. Ao inaugurar uma obra que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Salvador, disse que virou um "propagandista do consumo" como forma de manter a economia girando e disse que, se necessário, aumentará as obras do plano de investimentos prioritários da União.

- O que podemos esperar é que os preços dos produtos vão cair, a taxa de juros vai cair, e o povo vai ter mais facilidade para comprar coisas que ele estava com medo de comprar - disse Lula, no rádio.

O governo reduziu o Imposto de Renda da Pessoa Física, criando duas alíquotas intermediárias, cortou de 3% para 1,5% ao ano o IOF e zerou o IPI para os carros populares.

- Nós trabalhamos com a idéia de que a economia brasileira precisa girar como se fosse uma roda-gigante. Ela não pode parar, porque, se o povo compra, a indústria produz, o comércio vende e aí você mantém os postos de trabalho. Continuo dizendo ao povo brasileiro que temos uma economia diversificada, por isso estou certo de que o Brasil sairá vitorioso dessa crise.

Ao inaugurar a primeira obra do PAC a ficar pronta na Bahia, Lula comemorou o efeito da redução do IPI sobre os carros.

- Reduzimos o IPI e olha o que foi o sucesso dos feirões de carros. Queremos que as coisas reduzam de preço ainda mais para que o povo trabalhador compre o que ele produz. Virei propagandista porque colocaram muito medo na cabeça do povo. E ele não sabe que se ficar com medo de comprar, pode ser mandado embora porque a empresa parou de produzir.

BC pode utilizar linha de crédito do Fed

Apesar do otimismo, Lula cobrou a votação do Orçamento da União e do Fundo Soberano.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que a linha de crédito anunciada semana passada, com a qual o BC poderá refinanciar empresas que têm operações de dívida externa vencendo, enquadra-se nas condições firmadas com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), para a utilização dos US$30 bilhões liberados pela autoridade americana ao Brasil. Inicialmente, porém, a intenção é usar apenas os recursos das reservas, que estariam ainda estáveis, acima de US$200 bilhões.

Meirelles esclareceu que o dinheiro do Fed também pode ser aplicado em financiamentos às exportações, via Adiantamento de Contrato de Crédito (ACCs) e Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACEs).