Título: Cresce número de empregos
Autor: Cristino,Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2009, Economia, p. 18

Após três meses consecutivos em queda, o saldo de trabalhadores com carteira assinada voltou a ser positivo. Em fevereiro, foram criadas 9.179 vagas, o menor volume para o mês dos últimos 10 anos

Pela primeira vez, desde novembro do ano passado, o saldo líquido do emprego voltou a ficar positivo. Em fevereiro, de acordo com as informações prestadas ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o mercado de trabalho foi capaz de criar 9. 179 postos de trabalho. É o menor número para fevereiro dos últimos 10 anos e 20 vezes inferior ao número de empregos com carteira assinada registrado em fevereiro de 2008, num total de 204.963. Também é menos da metade do que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, esperava. A última vez em que os dados de fevereiro foram ruins foi em 1999, quando foram fechadas 78.030 vagas.

¿O número é pequeno, mas é positivo¿, ressaltou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Ele argumentou que o dado do mês tem que ser contextualizado. Mesmo na crise, segundo Lupi, as contratações estão sendo crescentes, enquanto as demissões estão caindo. Em fevereiro, segundo o ministro, os Estados Unidos anunciaram a demissão de 450 mil trabalhadores. Para Lupi, março vai ser o mês da virada. ¿Vamos recuperar os dois meses anteriores ( em janeiro, o resultado foi negativo em 101.748), gerando em torno de 100 mil empregos formais¿, declarou. Para o ano, Lupi disse que mantém a expectativa de criação de 1,5 milhão de empregos formais.

A expectativa do ministro não é compartilhada por especialistas da área. O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz, disse que torce para que o ministro esteja certo. ¿Na comparação com a economia mundial até que estamos bem, mas com a série histórica, o que vemos é uma inversão de uma tendência de forte contratação no passado recente para um quadro de demissões vigorosas¿, explicou. De acordo com Ganz, a dinâmica da crise ainda não está definida e o baixo número de postos de trabalho criados em fevereiro traduzem a expectativa de um baixíssimo crescimento econômico em 2009.

Nos dados de fevereiro, o que pesou para o baixo crescimento do emprego foi o desempenho, altamente negativo, da indústria e do comércio. A indústria de transformação queimou, no mês, 56.456 postos de trabalho e o comércio fechou 10.275 vagas. Também o setor extrativo mineral perdeu 705 trabalhadores. As demais áreas tiveram desempenho positivo, com os serviços liderando a abertura de 57.518 novas vagas, seguido pela administração pública, com mais 14.491 empregos. Também abriram vagas a construção civil (mais 2.842 postos de trabalho), a agricultura (957 novos empregos) e os serviços industriais de utilidade pública( mais 807 empregados).

Distrito Federal Em fevereiro, 13 estados, entre eles o Distrito Federal, tiveram resultado positivo no emprego. No DF ocorreu o quinto melhor desempenho, com a criação de 3.395 vagas, graças à educação e à saúde. Goiás ficou em primeiro lugar, com 8.058 vagas. A maior perda de empregos ficou concentrada no Amazonas (menos 6.320 vagas). Para o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Bellizzaro Júnior, os dados negativos do comércio já eram esperados e refletem as demissões dos trabalhadores temporários, contratados em novembro. A partir de março, Bellizzaro espera uma estabilidade entre o número de admitidos e desligados. ¿Acho difícil a abertura de novas vagas¿, comentou.