Título: PMDB lança Garibaldi à reeleição
Autor: Camarotti, Gerson; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 18/12/2008, O País, p. 10

Partido quer forçar acordo e ter Sarney candidato único ao comando do Senado.

BRASÍLIA. Sem alternativa viável para disputar o comando do Senado, o PMDB lançou ontem o presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN), à reeleição ao cargo, mesmo com dúvidas jurídicas sobre a legalidade da candidatura. A estratégia da cúpula do PMDB foi de ocupar o espaço político e com isso enfraquecer a candidatura de Tião Viana (PT-AC). Apesar da recusa do senador José Sarney (PMDB-AP) a concorrer, o PMDB avalia que o ex-presidente possa rever sua decisão e se apresentar como candidato para a eleição, marcada para o início de fevereiro.

Garibaldi foi escolhido por unanimidade entre os 17 senadores do PMDB presentes à reunião. Não participaram apenas três: Jarbas Vasconcelos (PE), José Maranhão (PB) e Geraldo Mesquita (AC). Assim que foi anunciada, a candidatura de Garibaldi passou a ser questionada fora do PMDB. Demóstenes Torres (DEM-GO) afirmou, no plenário, que Garibaldi pode ser eleito, por decisão política, mas pode perder esse mandato no Supremo Tribunal Federal porque a reeleição está claramente proibida na lei. O PMDB rebate.

- O PMDB não poderia entrar o ano com candidato virtual. A interpretação jurídica é de que Garibaldi não foi eleito para o mandato, mas para completar o mandato. Por isso ele pode - afirmou o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO).

Caciques do PMDB admitem que uma das estratégias é criar constrangimentos ao Planalto, levando o presidente Lula a promover um acordo pela retirada da candidatura de Viana, fazendo de Sarney candidato único. Na reunião, houve apelos a Sarney e mesmo a Pedro Simon (PMDB-RS) para que aceitassem disputar. Nenhum dos dois aceitou. Simon, porém, foi decisivo:

- Essa é uma decisão política e esta é uma Casa política, onde podemos mudar o que acharmos necessário.

- Agora não abro mais mão. Houve quase um clamor para que Sarney fosse candidato, e ele não aceitou. Não acredito que volte atrás - disse Garibaldi.

COLABOROU: Maria Lima

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